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Livio Oricchio: Malásia e Austrália, duas provas da F-1 diferentes em tudo

Números mostram que as duas etapas não costumam ter os mesmos resultados. E é em Sepang que equipes lidam com o que mais enfrentarão na sequência da temporada



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Os números da Fórmula 1 registram que o resultado da etapa de abertura do Mundial, em Melbourne, não costuma expressar com fidelidade o resultado final do campeonato. E a estatística também mostra que a ordem de chegada no GP da Malásia, segunda parada do calendário, no próximo fim de semana, não tem estreita relação com a do circuito de Albert Park, na Austrália. Portanto, fora a dupla da Mercedes, Lewis Hamilton e Nico Rosberg, que, em condições normais, não deverá ter dificuldades para largar na primeira fila e vencer a corrida no circuito de Sepang, daí para trás, se a tradição for mantida, a classificação será distinta da de Melbourne.


Para recordar, na primeira etapa, há 10 dias, os que completaram 58 voltas foram: Hamilton em primeiro; Rosberg em segundo, com um segundo de diferença; Sebastian Vettel (Ferrari) em terceiro, 34 segundos; Felipe Massa (Williams) em quarto, 38 segundos; e Felipe Nasr (Sauber) em quinto, um minuto e 35 segundos.

Os demais, até o décimo, tomaram uma volta: Daniel Ricciardo (RBR) em sexto, Nico Hulkenberg (Force India) em sétimo, Marcus Ericsson (Sauber) em oitavo, Carlos Sainz Jr. (SRT) em nono, e Sergio Pérez (Force India) em décimo.

pódios bem distintos

Em 2014, Rosberg venceu na Austrália. Em Sepang, foi segundo. O estreante dinamarquês Kevin Magnussen, da McLaren, recebeu a bandeirada em segundo, mas ficou em nono na Malásia. E seu companheiro, Jenson Button, caiu de terceiro para sexto. Já Hamilton, que abandonou em Melbourne logo no início, ganhou em Sepang. Vettel, então na RBR, se retirou na Austrália mas chegou ao pódio em Sepang, terceiro.

nico Rosberg mercedes pódio gp da austrália (Foto: Agência AFP)Na última temporada, Rosberg iniciou o ano com vitória, seguido por Magnussen e Ricciardo (Foto: Agência AFP)

Em 2013, Kimi Raikkonen, da Lotus, celebrou a vitória na abertura da temporada, em Melbourne, mas não foi além do sétimo lugar na Malásia. Fernando Alonso, da Ferrari, segundo na primeira prova, abandonou. E Vettel, terceiro apenas na Austrália, ganhou a primeira. Seu companheiro, Mark Webber, pulou de sexto em Melbourne para segundo, e Hamilton completou o pódio, em terceiro, tendo sido quinto no Circuito Albert Park.

Em 2012, as diferenças entre a classificação da corrida em Melbourne e na Malásia foram ainda maiores. Button, vencedor na Austrália, ficou em 14º. Vettel caiu de segundo para 11º, Hamilton, na McLaren, manteve a terceira colocação, enquanto Alonso avançou do quinto lugar para a vitória. Na sua melhor corrida na F-1, o mexicano Sergio Perez, da Sauber, obteve brilhante segunda colocação em Sepang depois de ser apenas oitavo na primeira etapa.

Hamilton comemoração pódio GP Malásia F1 (Foto: AFP)Na Malásia em 2014, pódio foi diferente da etapa anterior na Austrália (Foto: AFP)

Em 2011, Hamilton somou bem menos pontos na Malásia, ao ser segundo na Austrália e depois somente oitavo. O surpreendente russo Vitaly Petrov, da Renault, terceiro na abertura do Mundial, ficou bem para trás: 17º. Seu companheiro, Nick Heidfeld, seguiu trajetória oposta: foi do 12º lugar para o terceiro. Button também avançou, de sexto para segundo. Quem se manteve foi Vettel, primeiro nas duas corridas. Era a temporada de ouro do escapamento aerodinâmico, recurso que permitiu a RBR dominar o campeonato.

Em 2010, mais surpresas em Sepang em relação a Melbourne. Button, vencedor, recebeu a bandeirada em oitavo. Robert Kubica, da Renault, de segundo caiu para quarto. Massa, da Ferrari, de terceiro para sétimo. Alonso, de quarto para 13º. O pódio foi totalmente diferente daquele da Austrália. Vettel, primeiro em Sepang, havia abandonado antes. Webber, segundo, ficou em nono na prova de casa, e Rosberg, terceiro, não passara do quinto lugar em Melbourne. 

o que pode explicar o resultado de uma etapa apresentar histórico tão distinto da seguinte no calendário?


Pat Symonds, diretor técnico da Williams, disse ao GloboEsporte.com, em Barcelona, que a primeira corrida sempre representa um aprendizado para todos. Uma situação como essas, explicou, permite que um time, mesmo sem dispor de um grande carro, conquiste um resultado pouco comum.

- Descobrimos muitas coisas ali na hora. Mas, em seguida, no caso Sepang, já entendemos muito mais do carro. E estamos falando de pistas bem diferentes - contou.

vista aérea circuito albert park gp de melbourne, Austrália (Foto: Globoesporte.com)Vista aérea do circuito de Albert Park, em Melbourne (Foto: Globoesporte.com)

O circuito de Albert Park não é permanente, mas montado dentro de um parque. Já Sepang é um autódromo, o chamado circuito fechado de velocidade. E suas características são mesmo bem diferentes das de Melbourne. A começar pelo asfalto. O nível de aderência na Austrália é baixo, o asfalto submete os pneus Pirelli, mesmo concebidos para rápida degradação, a esforços não elevados. Na edição do dia 15, a maioria dos pilotos fez um único pit stop. E os pneus à disposição eram os médios e o macios.

Circuito Internacional de Sepang, palco do GP da Malásia (Foto: Divulgação)Circuito Internacional de Sepang, palco do GP da Malásia (Foto: Divulgação)

Na corrida deste domingo, em Sepang, se não chover – a previsão é de a largada ser com piso molhado -, a maior parte dos pilotos deverá fazer três paradas, mesmo dispondo dos pneus duros e médios. Foi assim em 2014 e agora os carros estão bem mais rápidos, cerca de dois segundos.

Outros fatores são a temperatura e a umidade do ar. Elas passam de amenas no Sul da Austrália a extremas quase na linha do Equador, latitude de Sepang.

A natureza do traçado malaio de 5.543 metros e 15 curvas exige dos carros elevada geração de pressão aerodinâmica, importante velocidade final nas duas longas retas, boa tração e freios eficientes. Há várias curvas rápidas, como as 3,5, 6 e 12. Do ponto de vista da pilotagem, um piloto mais capaz tem bem mais oportunidade de expor seu talento na Malásia. Dentre os desafios da pista está frear com o volante virado, na aproximação das curvas 11, 13 e 14, onde se chega muito rápido.

Por tudo isso é que se costuma dizer na F-1 que, o real parâmetro para entender o verdadeiro estágio de cada equipe, a referência não é o GP da Austrália, mas o da Malásia. Ele tem bem mais a ver com o que pilotos e engenheiros vão enfrentar na sequência da temporada.

 


Data: 2015-03-25 00:00:00