Birigui, torcida, bicho e guinada rápida: Poconé completa três anos de vida

Em três anos de história, Cavalo Pantaneiro dispara da segunda divisão para a elite do Campeonato Mato-grossense, e hoje é um dos favoritos ao título da competição

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Quem vê o Poconé Esporte Clube na vice-liderança do grupo A do Campeonato Mato-grossense, não sabe o que o jovem time de apenas três anos passa para se manter. Fundado no dia 05 de março de 2012, o clube que poderia ter recebido outro nome, já teve conquistas importantes, como o acesso à elite que disputa pela primeira vez em 2015 e a garantia de que não será rebaixado. Contrariando as perspectivas, é apontado ainda como um dos favoritos ao título. 

Após 40 anos sem ter um time profissional na cidade, o prefeito Tito Galindo e Catarino Alves, secretário de esportes da época, tiveram a ideia de retomar o futebol na cidade, e para isso pediram ajuda de Orivaldo Nunes Rondon, atual presidente do clube e empresário no município. Inicialmente o time deveria se chamar Comercial Esporte Clube, mesmo nome do antigo time de Poconé, mas Orivaldo insistiu para que fosse uma nova equipe, com um nome que representasse toda a cidade, agregasse até torcedores de times amadores e que principalmente não houvesse divisões. 

- Eu sempre tive o sonho de trabalhar com um time de futebol, e o PEC estava nos meus planos tem um bom tempo. Quando o Tito e o Catarino me convidaram para ser presidente eu aceitei na hora. Na época eu morava em São Paulo, e voltei para a Poconé para ajudar a montar o clube. Fico muito feliz de ver esse crescimento do grupo. Acho que com o apoio de todos podemos ir muito mais longe - presidente do Poconé, Orivaldo Rondon, por telefone ao GloboEsporte.com.

E assim surgiu o Poconé Esporte Clube, que já existia como time amador há três anos e, com a profissionalização, conseguiu disputar a Segunda Divisão do Campeonato Mato-grossense de 2012. Na temporada passada, a diretoria do clube decidiu arriscar e contratar Marcos Birigui, um dos técnicos de maior nome no futebol mato-grossense.

- Sempre que encontrava o professor Birigui ele dizia que ainda ia colocar o Poconé na Primeira Divisão, e nos achávamos que era brincadeira. E ele veio mesmo, e nos ajudou a montar uma equipe forte na Série B e o fato inédito de subir para a elite do Mato-grossense - contou Orivaldo. 

E Birigui veio e cumpriu sua promessa: levou o Poconé para a elite do estadual. Na terceira participação do PEC na segundona, a equipe foi vice campeã em 2014, perdendo a final para o Dom Bosco, que levou o título. Para o treinador, essa foi mais uma meta alcançada em seus 15 anos de carreira.

- É bom passar essa confiança para o clube. Conseguimos nossas primeiras vitórias unindo minha experiência como treinador e o apoio da diretoria, que fez de tudo para trazer bons jogadores, com quem já trabalhei. Mesmo sendo um time tão novo, o Poconé tem tudo para ir longe, especialmente nossa torcida que lota as arquibancadas e ajuda de todos as formas - afirmou Marcos Birigui, por telefone ao GloboEsporte.com.  

E essa ajuda é até de forma inusitada. O artilheiro da Segunda Divisão do ano passado ganhou uma vaca de presente. Kaique foi o contemplado e levou o bicho pra casa. Neste ano, outros fazendeiros se mobilizaram e já prometeram 20 vacas para o grupo. Além disso, uma pepita de ouro será entregue para o destaque do elenco.

E mesmo com o acesso à elite estadual, o Poconé corria o risco de perder o técnico para outros clubes, em especial o Vilhena-RO, antigo time de Birigui. Mas por um bom salário e com o carinho que ficou na equipe, Birigui decidiu se manter no comando do PEC.  

- Gosto de desafios, tinha outras equipes querendo me contratar, mas apostei no Poconé. Tentamos fazer com que time consiga conquistar títulos em Mato Grosso, como consegui fazer com outros times do estado. Conseguimos subir para a elite e agora já conseguimos alcançar nosso primeiro objetivo, não voltar para a Segunda Divisão. O próximo passo é a classificação e o título - disse o treinador do Poconé. 

Para quem disputou a Segundona com tantas dificuldades para montar um time, com uma folha salarial de R$ 40 mil por mês, Birigui hoje comanda um Poconé bem diferente, muito mais respeitado e com mais apoio. Hoje, o gasto mensal é de R$ 80 mil. O elenco é formado praticamente formado por jogadores da cidade, com 13 "estrangeiros" completando o grupo. 

Mas a chegada de jogadores de fora pode parar em breve. Em 2014, o clube abriu uma escolinha de futebol. E assim como o time profissional, cresceu muito rápido. De 15 alunos passou a 150 neste ano. 

O Cavalo Pantaneiro, como é conhecido, estreou na elite em grande estilo, vencendo logo o maior campeão da competição, o Mixto, com placar de 2 a 1. Na sequência goleou o Operário por 4 a 0. Com a classificação para a próxima fase do estadual quase garantida, o Poconé é o vice-líder do grupo A com nove pontos.

A boa fase do clube também trouxe para Poconé grandes patrocinadores. Para quem a poucos dias vivia da ajuda do comércio local e do torcedor, hoje conta com três grandes nomes estampando sua camisa: Sicredi, Sesc e Goiatex.

Segundo Orivaldo, ver todas essas conquistas em tão pouco tempo, mas com tanto trabalho, é motivo de alegria. O presidente conta das dificuldades que todos passaram para criar o time, como contratar jogadores e um grande técnico, mesmo sem patrocínio. 

- Começamos do zero, ninguém confiava no Poconé, e não queria investir. Mas conseguimos mostrar que éramos grandes, e que podíamos ir muito além do que todos esperavam. E com as conquistas no campo fomos conquistando também o torcedor da cidade, os comerciantes da região que nos apoiam e agora nosso foco é expandir ainda mais o nome da equipe -  disse o presidente do clube.

O Poconé segue na disputada pelo primeiro título do Campeonato Mato-grossense, enfrentando o Sinop, no próximo domingo, dia 8 de março, no estádio Neco Falcão. O time está invicto em casa com três vitórias. A partida válida pela oitava rodada do estadual está marcada para às 15h.

 

Data: 2015-03-05 00:00:00