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Libertadores 2015: Como Danilo saiu em baixa do SP para virar rei dos clássicos no Corinthians

Corinthians 1 x 1 Santos, segundo jogo das semifinais da Libertadores (Corinthians classificado) Leandro Moraes/UOL



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O cronômetro marca 31 minutos do segundo tempo em um confronto tenso entre São Paulo e River Plate, pelas semifinais da Libertadores. O time argentino, com Lucho González, Mascherano, Gallardo e Salas dificulta as coisas: o jogo é faltoso, perigoso. Em um escanteio para o clube brasileiro, a zaga mais uma vez afasta a bola, mas a joga nos pés do camisa 10 são-paulino. O chute sai seco, cruzado, e morre dentro das redes, no canto esquerdo do goleiro Costanzo. O Morumbi explode.

O lance é, talvez, o mais emblemático da passagem de Danilo pelo São Paulo. No jogo de volta o meia, com uma cabeçada, abriu o placar no Monumental de Nuñez, dando tranquilidade para que o caminho até o título da Libertadores de 2005 ficasse livre.

Os lances não foram isolados: o camisa 10 canhoto foi uma das peças mais importantes do elenco tricolor que reconquistou a América do Sul naquele ano, e viria a ser campeão mundial de clubes. As atuações renderam o apelido carinhoso de Zidanilo com a torcida. O amor, porém, não foi eterno. O mesmo estilo que rendeu a alusão a Zinedine Zidane irritou a torcida: Danilo era considerado lento. Substituído nas duas partidas da final da Libertadores de 2006, conquistada pelo Internacional, o meia foi pra o Japão.

"A gente que trabalhou no dia a dia com ele a gente sabia que o Danilo  tinha muito potencial. Algumas vezes a gente escutou algumas críticas, que era um jogador lento, mas ele tinha a capacidade de continuar no São Paulo. São coisas que acontecem coisas do futebol", lembra o ex-volante Mineiro, parte do elenco campeão em 2005.

Foram três anos de Japão – três títulos japoneses – e Danilo quis voltar ao Brasil. Procurou o São Paulo, clube pelo qual tinha conquistado tantas glórias, mas o interesse não era recíproco. O então presidente Juvenal Juvêncio tinha reservas quanto ao futebol do meia, ainda mais agora que completara 30 anos. "Um cara lá dentro [do São Paulo] queria [trazer o Danilo], mas sabe o que falaram pra ele? Que o Danilo estava velho", lembrou Souza, ex-companheiro de São Paulo, em entrevista à TV Bandeirantes.

Surgiu uma proposta do rival Corinthians. Temeroso pelas características de Danilo, técnico, de pouca velocidade, seu então empresário Gilmar Rinaldi pediu cuidado: disse que não tinha o perfil do clube. Ouviu como resposta um "fique tranquilo". O contrato foi assinado.

Com a camisa alvinegra, manteve a tradição de conquistar títulos – foi campeão da inédita Libertadores e do Mundial em 2012. Fez mais do que isso: virou uma espécie de "Rei dos Clássicos", e, acima de tudo, carrasco do São Paulo. Marcou dez gols contra arquirrivais, cinco deles contra o clube do Morumbi, incluindo seu primeiro pelo Corinthians – quase sempre decisivos. No último domingo, decidiu o confronto diante do Palmeiras pelo Paulistão. Já virou rotina na sua carreira.

"Antes do jogo contra o Palmeiras, o Danilo falou brincando com o pai dele que quando é clássico ele aparece, sempre tem a sorte de fazer o gol, graças a Deus dá tudo certo. A gente sempre fala sobre isso antes dos jogos, eu falo que parece que a gente pressente. É diferente, não sei nem explicar como é, mas o Danilo é iluminado", conta a esposa do jogador, Miriam Leite de Andrade.

Na próxima quarta-feira, tudo estará alinhado para que Danilo brilhe: o confronto será válido pela Libertadores, campeonato no qual o meia tem história; o adversário, o São Paulo, contra o qual há um passado recente de gols decisivos. Com a suspensão de Paolo Guerrero, existe uma chance real de que o jogador comece a partida entre os titulares – foi essa a opção de Tite na quarta-feira, na segunda partida contra o Once Caldas.

"Eu não acho que ele entra com mais ou menos vontade de fazer gol contra o São Paulo ou Palmeiras. Só que não tem explicação, estes jogos são para ele não tem explicação. Ele vai naturalmente, se for contra um time de menos expressão ele vai igual do mesmo jeito. Sempre foi assim, desde os tempos de Goiás", diz sua esposa.

Lento, não. Tranquilo. Se a história merecer alguma atenção, a tranquilidade de Danilo pode ser um dos fatores decisivos do clássico de quarta-feira, inédito na história da Libertadores.

 


Data: 2015-02-13 00:00:00