Cuiabá , MT - -
S O tradicional Clube Esportivo Operário Várzea-grandense está numa encruzilhada, pois se não for campeão da temporada da FMF o time pode até se licenciar da entidade. É o que revela o diretor de Futebol, Wendell Rodrigues, que está tocando o time juntamente com o presidente Geovanni Bannebas. Os dois podem jogar a toalha ao final do atual campeonato, deixando os destinos do clube nas mãos do Conselho Deliberativo.
Segundo Rodrigues está muito difícil tocar futebol em Mato Grosso, e principalmente em Várzea Grande, a sede do quase setentão CEOV, onde a população não participa da vida do clube e o poder público também deixa muito a desejar – reclama ele. Em 2915, o Operário VG contava comum grande número de patrocinadores, o que permitiu ao tricolor montar um time competitivo que foi vice-campeão estadual. Este ano, o número de patrocinadores caiu para somente três...
A diretoria formada pela dupla de abnegados tem buscado alternativas para melhorar as finanças do clube para poder fazer contratações, mas não tem jeito, porque a torcida não colabora. “Nada funciona...” – afirma Rodrigues, pois nem promoções do clube, com o objetivo de arrecadar dinheiro, o torcedor prestigia.
Olho no Esporte – Com a falta de importantes patrocinadores para financiar o Campeonato Mato-grossense da 1ª Divisão deste ano e as baixas arrecadações registradas nas duas primeiras rodadas do certame, como os clubes vão se virar para equilibrar suas finanças?
Wendell -- A situação no futebol de Mato Grosso está cada dia mais difícil. Sem dinheiro não podemos montar equipes fortes e a cada dia o nível de jogadores também cai. Aqui no Clube Esportivo Operário Várzea-grandense somos dois abnegados tocando o time sozinhos. Infelizmente, representamos no futebol uma cidade, onde as pessoas não se envolvem com o clube e poder público também deixa muito a desejar.
Olho no Esporte – Qual era a receita do CEOV no ano passado, oriunda de seus patrocinadores, e qual é a deste ano? A diferença é muito significativa?
Wendell – No ano passado tínhamos o Atacadista Assaí, Grupo Bom Futuro, a União Transportes e outros patrocinadores e todos deixaram de colaborar com o clube. Este ano contamos apenas com Sorpan, Sicredi e MS Celular.
Olho no Esporte – Torcedores do tradicional e velho “Chicote da Fronteira” já estão reclamando, principalmente depois da goleada que o time sofreu diante do Luverdense, que o Operário VG deste ano não é tão competitivo quanto o do ano passado, que chegou brilhantemente ao vice-campeonato estadual. As queixas da torcida procedem ou ainda é muito cedo para comparações?
Wendell -- Sim, a equipe a atual equipe operariana realmente não é melhor que ano passado, quando tínhamos Geilson e Paulo Vinícius, nossos maiores destaques. Mas, este ano, enfrentamos a falta de dinheiro para contratar jogadores de alto nível. Paciência!....
Olho no Esporte – Quanto o Operário VG gastou para montar o time o ano passado e quanto investiu em contratações este ano? É possível fazer uma estimativa?
Wendell -- Em 2915 gastamos ao longo do ano pouco mais de 500 mil reais e para este ano ainda estamos vendo, fazendo contratações...
Olho no Esporte – A torcida tricolor tem colaborado efetivamente com o Operário VG, associando-se ao clube, comprando camisas, participando das promoções cujo objetivo é arrecadar recursos financeiros para ajudar a agremiação?
Wendell -- Não, a torcida do Operário e formada principalmente de torcedores antigos. É uma torcida bem diferente, por exemplo, da do Mixto. Infelizmente nosso torcedor adormeceu. Sócio torcedor não funciona, bingo não funciona, ingressos antecipados não funciona... está muito difícil. E somente a longo prazo, com o Operário voltando a ser campeão, isso pode mudar.
Olho no Esporte 6 – Em 2015, o dinheiro dos patrocinadores bancava com folga a folha de pagamento dos profissionais. E este ano está acontecendo a mesma coisa?
Wendell -- Olha nosso mandato acaba depois do estadual deste ano. Portanto, tem muito chão pela frente ainda e somente vamos continuar se o Operário VG for campeão. Caso contrário, o Conselho Deliberativo do clube e que vai decidir o seu futuro, podendo ate se licenciar.
Olho no Esporte – A ascensão do Operário FC Ltda., à primeira divisão do futebol mato-grossense criou algum problema para o Operário VG, como, por exemplo, a redução do número de seus torcedores?
Wendell -- Não de maneira alguma: o Operário Ltda não é de Várzea Grande e o torcedor já sabe bem disso. O verdadeiro sempre foi o CEOV.
Olho no Esporte – Causou estranheza entre os torcedores do Operário VG a demissão do treinador Vandinho depois do empate de 1x1 contra o Mixto no clássico dos milhões. O senhor poderia explicar o que aconteceu, o que até agora não foi feito pela diretoria...
Wendell -- O Vandinho jogou na Europa durante dez anos e sempre trabalhou em clubes com estrutura. Aqui encontrou um clube sem recursos e com indefinição sobre o CT do Carrapicho que passa por uma situação jurídica, não tínhamos nem campo para treinar. Pesou também na decisão do CEOV a pressão por vitória naquelaa partida, pois a equipe não jogou bem contra o Mixto...
Olho no Esporte – Já se comenta que com a falta de patrocinadores e as baixas rendas nos estádios, alguns clubes podem ficar pelo meio do caminho no atual Campeonato Mato-grossense da 1ª Divisão. Esse risco existe de fato se as coisas continuarem como estão, com a crise econômica atingindo em cheio os clubes profissionais?
Wendell – Eu não acredito neste risco. Mesmo com todas as dificuldades, acho que todos os clubes chegarão, sim, ao final do campeonato.