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Cuiabá , MT - -

Careca defende criatividade para melhor aproveitamento da Arena Pantanal

Roberto Jesus César, mais conhecido como Careca, ex-jogador de futebol, ex-treinador do Mixto e comentarista esportivo Roberto.



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Há mais de quatro décadas ligado ao futebol profissional de Mato Grosso, o ex-jogador de futebol, ex-treinador do Mixto e comentarista esportivo Roberto Jesus César, mais conhecido como Careca, afirma que está faltando criatividade aos dirigentes de clubes para aproveitamento da monumental Arena Pantanal. Além de criatividade, credibilidade para montar times do porte dos que existiam em Mato Grosso nas décadas de 70 e 80, como Mixto, Operário Várzea-grandense, Dom Bosco e União e cujos principais clássicos levavam até 45 mil pessoas ao saudoso Verdão.

Para Careca, o futebol técnico e romântico daquela época e que eletrizava multidões é coisa do passado. Mas nem tudo está perdido. Afinal, Mato Grosso tem dois representantes em importantes campeonatos brasileiros – o Luverdense na Série B e o Cuiabá na Série C – na Copa Verde e agora até na Copa Sul-Americana. No entanto, para o futebol mato-grossense evoluir, apesar da crise econômica que sacode o Brasil e atinge também o mundo da bola, é preciso criatividade – defende Careca.

 

Olho no Esporte -- Desde 1972 intimamente ligado ao meio esportivo de Mato Grosso, como jogador profissional, treinador e como cronista esportivo, qual a sua avaliação sobre o futebol das décadas de 70 e 80 e o atual?

Roberto César -- Nas décadas de 70 e 80 era futebol romântico, onde acima de tudo havia identidade com o clube, se jogava mais por amor do que pensando em dinheiro; tivemos jogos domésticos como Mixto x Operário Várzea-grandense com mais de 40 mil pessoas no Verdão. Hoje os dirigentes não tem credibilidade necessária para montar grandes times e muito menos criatividade para aproveitar esse monumento que é Arena Pantanal.

Olho no Esporte – Quais clubes o senhor defendeu como jogador profissional nos tempos do Mato Grosso indiviso e depois da divisão do Estado?

Roberto César – Comercial, de Campo Grande, e Palmeirinha, do Porto.

Olho no Esporte -- Qual a maior diferença do futebol da época de ouro de Mato Grosso com o dos últimos anos? O futebol do passado era mais técnico, menos mercantilista e mais romântico?

Roberto César -- Antigamente o futebol era mais por amor; o futebol do passado era à base da técnica, mais alegre com mais comprometimento, com certeza. Futebol de grandes craques situação que não se encontra nos dias de hoje no Brasil.

Olho no Esporte – Como jogador, o senhor participou de jogos com o saudoso Verdão com até 45 mil torcedores? Como era jogar naquele tempo com o Dutrinha ou o Verdão abarrotados de torcedores, ao contrário de hoje com a Arena Pantanal às moscas?

Roberto César -- Tive a oportunidade de jogar no Estádio Presidente Dutra na década de 70 antes do Verdão, grandes clássicos com mais de quatro mil torcedores. Como treinador do Mixto Esporte Clube, a felicidade incontida de levar o alvinegro a disputar pela primeira vez como representante de Mato Grosso o Campeonato Nacional de 1976.

Olho no Esporte – Na sua passagem pelo Mixto, como treinador, o senhor foi demitido pelo presidente Lourival Fontes enquanto fazia uma preleção na concentração para um jogo importante contra o Operário Várzea-grandense. Além desse episódio folclórico, o senhor se lembra de mais algum na sua longa carreira como jogador, treinador e cronista esportivo?

Roberto César -- Num jogo disputado em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, o Mixto jogando contra a equipe da cidade. Eu, juntamente com o narrador Eudes Fanaia, fomos transmitir o jogo pela rádio A Voz do Oeste. Uma noite de muito frio. Chegamos cedo ao estádio e conseguimos a única cabine reservada à crônica esportiva de fora. Lá pelas tantas chega ao estádio o nosso saudoso Márcio de Arruda. Eudes Fanaia, para fazer uma média, cedeu a cabine para o Marcio. Como o frio era intenso fui obrigado a pular o muro e me dirigi a uma mercearia das imediações, onde, para aliviar o frio comprei três garrafas de vinho Chateou du Valier. Resultado: no decorrer do jogo apenas alguns jogadores fizeram parte da partida com destaque para Kidão, que atacava e defendia por conta do Château Duvalier... kkkkkkkk

Olho no Esporte -- Por que apesar de sua bem-sucedida experiência como treinador do Mixto, o senhor preferiu não se seguir essa carreira, uma das mais bem pagas no mercado de trabalho brasileiro?

Roberto César -- Na época em que fui treinador alguém que fosse técnico do Mixto, jamais seria admitido numa grande equipe da Grande Cuiabá. E não se ganhava tanto dinheiro como se ganha hoje. Mas se eu tivesse seguido a carreira com certeza teria ganho um bom dinheiro.

Olho no Esporte -- A construção da Arena Pantanal está trazendo efetivamente benefícios para o futebol mato-grossense, como se preconizava, ou não?

Roberto César -- Existe a necessidade de uma mudança radical na Federação Mato-grossense de Futebol e a boa vontade do Governo do Estado de dar as condições necessárias para que possamos bem usar esse monumento que inclusive ganhou um prêmio internacional.

Olho no Esporte – Qual a sua opinião sobre a tese que vem sendo defendida para a FMF voltar a programar jogos da 1ª Divisão para o Dutrinha, deixando só os grandes clássicos para na Arena Pantanal por causa de seus altos custos de manutenção?

Roberto César -- É pensar pequeno. Os dirigentes da Federação precisam se profissionalizar e se for o caso fazendo uma pesquisa para saber do torcedor qual o melhor dia e horário para os jogos do nosso campeonato para não competir com os grandes centros brasileiros, contratar uma equipe de marketing para vender os nossos espetáculos e em parceria com o Estado criar o incentivo da nota fiscal, pois assim ganha o Estado e ganham os nossos clubes.

Olho no Esporte – Os clubes profissionais de Mato Grosso vão sobreviver se continuarem com essa total dependência do inflacionado mercado da bola brasileiro e cujos resultados nem sempre são animadores, como aconteceu este ano com Dom Bosco e Cuiabá, que entre profissionais de boa índole trouxeram também muitas tranqueira paras seus clubes?

Roberto César --:Minha opinião é que precisamos fazer uma reformulação na Lei Pelé. É um absurdo que os jogadores jovens já estão saindo do Brasil, muitas vezes sem terem participado de clubes das suas próprias cidades. Neste final de ano tivemos uma partida na Arena Pantanal com diversos jogadores mato-grossenses que jogam atualmente em grandes clubes brasileiros, sem nunca terem vestido a camisa de um clube local, o que mostra a falta de sensibilidade dos nossos dirigentes.

Olho no Esporte – O futebol profissional de Mato Grosso tem evoluído ou não nos últimos anos ou está muito distante do nível desse esporte de outros tempos?

Roberto César -- Temos que entender que o futebol bonito e romântico ficou no passado. Por sermos um Estado periférico estamos muito bem representados pelo Luverdense na Serie B do Campeonato Brasileiro e o Cuiabá Esporte Clube na Serie C. Com representantes disputando a Copa do Brasil e também representantes na Copa Verde, é esperando ansiosamente a participação do Cuiabá na Copa Sul-Americana.


Data: 2016-01-23 00:00:00