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Cuiabá , MT - -

Torcedor não se conforma com a difícil situação do Mixto



ESSA NOTÍCIA É UM OFERECIMENTO:


Torcedor do Mixto Esporte Clube há mais de meio século, o cabeleireiro Nelson Tomaz, o Nelsinho, está inconformado com a atual situação de um dos mais antigos e tradicionais clubes do futebol de Mato Grosso. Tanto é que ele acha que o clube devia passar por uma devassa, uma espécie de CPI para por às claras a real situação da agremiação, que atualmente não tem sequer uma diretoria executiva completa, pois é um pequeno grupo, encabeçado por Paulo César Gatão, que vem tocando o alvinegro na base de trancos e barrancos.

Chamado de “cabeleireiro dos craques”, pois pelo salão já passaram e continua passando todos os craques do futebol mato-grossense, Nelsinho considera a atual situação do Mixto igual à do Brasil: está sem comando. Para o fanático torcedor mixtense o maior problema do Mixto é a falta de credibilidade, que também reflete a situação do país. Mas no caso do Mixto, Nelsinho tem a esperança de que com a solução de alguns problemas de gerenciamento a torcida volte a apoiar o clube, permitindo ao alvinegro recuperar sua trajetória vitoriosa.   

.Olho no Esporte – Torcedor desde criancinha do Mixto, como o senhor avalia a atual situação do seu clube?

Nelsinho --- Nada faz sucesso sem uma boa gerência. Este é sem dúvida o pior momento da história do Mixto.

Olho no Esporte – Por que o Mixto chegou onde está, no fundo do poço, como a sua torcida considera, a tal ponto de não ter sequer uma diretoria executiva completa?

Nelsinho -- Esse poço é profundo e faz tempo que o Mixto está dentro nele. E o que é pior: dificilmente alguém vai assumir e fazer sucesso imediato, tantos são os problemas em que o nosso clube está mergulhado. O principal deles, lamentavelmente, é a falta de credibilidade.

Olho no Esporte – Acompanhando de perto o Mixto há mais de meio século, o senhor se lembra de alguma crise igual ou pior da que o alvinegro vem  atravessando nos últimos anos?

Nelsinho -- Eu não me lembro de passar de três a quatro meses sem ver o Mixto jogar, tendo uma torcida tão grande como a que o clube tem. Isso é uma vergonha, uma mancha na nossa gloriosa história.

Olho no Esporte – Em conversas com pessoas do seu relacionamento, o senhor tem afirmado que a crise do Mixto é igual à do Brasil. Em quais aspectos elas são semelhantes?

Nelsinho – É isso mesmo, uma crise de identidade: ninguém sabe ninguém viu!  Cadê o Conselho Deliberativo? No caso do Brasil, o país precisa ter um responsável. O Obama olha pelos Estados Unidos muito mais do que o Lula olhou e a Dilma está olhando pelo Brasil. O Mixto está precisando de lima devassa, uma espécie de CPI para esclarecer o que está acontecendo com o clube....

Olho no Esporte – O que é que está faltando para o Mixto reencontrar o seu caminho e voltar a ser o grande “Tigrão” de outrora?

Nelsinho -- O Mixto tem um nome famoso, uma bela tradição e uma apaixonada torcida. Acho que está faltando um bom gerenciamento. Só isso, um bom gerenciamento. O Mixto nasceu para ser amado, mas não pode viver somente de amor...

Olho no Esporte  – Quem acompanha de perto a trajetória do Mixto, como é o seu caso, sabe ou pelo menos tem noção do que aconteceu com o rico patrimônio de um clube que hoje não tem nem campo para treinar e perdeu até o ônibus que servia para transportar os jogadores?

Nelsinho -- Sou sócio do Mixto desde os tempos da Vila Olímpica, que ficava em um lugar privilegiado e valioso na saída para Chapada dos Guimarães. A sede no centro então nem se fala. Por causa da sua sede no centro da cidade, o Mixto era chamado de “Tigrão da Vargas”. Tudo acabou sem explicações. O ônibus pode ter sido pintado de outra cor para disfarçar....   .



Olho no Esporte – Em tempos mais remotos, o relacionamento da torcida com  os diretores e jogadores era mais amistoso? A propósito ainda hoje corre entre os alvinegros da velha guarda um fato folclórico envolvendo o senhor e a fanática dirigente mixtense Naly  Hugueney Siqueira. Como foi o episódio?

Nelsinho -- Essa é boa: a dona Pepê, como  dona Naly era conhecida, da  livraria mixtense e também fundadora do Mixto, não perdia um jogo do clube, aqui ou fora. Uma vez, a nossa turminha que se reunia todas as tardes na frente da livraria, foi a Rondonópolis ver o Mixto jogar. Chegando a rodoviária, ficamos esperando a hora do jogo. Já era uma hora da tarde quando chegou a dona Pepê. Eu falei pra ela: hoje não vamos poder gritar o nome do Mixto com muita força porque estamos com fome. Na hora, ela providenciou lanche pra todo mundo, com uma recomendação: vamos para o estádio gritar “Mixtão, Mixtão, Mixtão, com muito amor...”

Olho no Esporte – O que está acontecendo que até a barulhenta e às vezes violenta torcida “Boca Suja” afastou-se mesmo do Mixto?

Nelsinho -- Acho que é só o Mixto a melhorar que todo mundo volta, pois a gente ama esse time. Quando eu vou viajar a primeira camisa da mala é a do Mixto....

Olho no Esporte – Em sua opinião, o que a futura diretoria do Mixto precisa fazer para trazer de volta os torcedores para o clube?

Nelsinho -- Todo torcedor quer que seu time trabalhe com muita transparência, coisa muito difícil hoje em dia. E trazer para o clube jogadores com compromisso com a nossa história...

Olho no Esporte – De todos os grandes craques que passaram pelo Mixto, algum lhe traz alguma recordação especial?

Nelsinho -- Eu trabalhava no Salão Zorba  e a Zulma a nossa caixa. Um dia ela me disse: ”Minha mãe faz aniversário hoje e o presente que ela me pediu é que eu leve você lá hoje”, pois a velhinha era mixtense roxa e queria me conhecer. Por volta das 6 horas chegou ao salão o Bife para cortar o cabelo. Eu pensei: hum vou levar esse presente para a velhinha! E levei mesmo o Bife comigo. Chegando na casa, deixei ele escondido lá fora e entrei na casa sozinho.  A velhinha disse: Nelsinho na minha casa, que coisa boa. Eu falei pra ela: veio outro mixtense comigo... e quando chamei o Bife, a velhinha caiu no sofá e quase morreu de alegria...

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Data: 2015-11-29 00:00:00