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Cuiabá , MT - -

Falta de investimentos inibe surgimento de nadadores de alto nível no Estado



ESSA NOTÍCIA É UM OFERECIMENTO:


 Há quase três décadas trabalhando com natação em Cuiabá, o presidente da Federação de Desportos Aquáticos de Mato Grosso (FDAMT), Harvey Jorge Brizola da Silva, tem explicações para o fato de o Estado, cuja alta temperatura altíssima o ano inteiro é um incentivo natural à prática de esportes aquáticos, não figurar em posição destacada no ranking nacional dessa modalidade esportiva: falta investimento financeiro nesse esporte e, principalmente, uma grande quantidade de profissionais qualificados para se dedicar a descoberta e formação de talentos na água.

Justamente por causa desses fatores, agravados pelo fato de a natação ser um esporte de elite, que inibe o acesso aos esportes aquáticos da população de baixa renda, nem a permanente evidência de nadadores consagrados como Felipe Lima e Pepeu são atrativos para a natação. Mesmo assim, Mato Grosso tem revelado grandes nadadores e cuja maior promessa atual é Nathan Biguetti, que o Minas Tênis, já levou para Belo Horizonte. No interior, convênios entre prefeituras como as de Araputanga, Lucas do Rio Verde, Sinop, Sorriso e Sapezal e clubes, com a participação também do Estado, já tem revelado muitos talentos para os esportes aquáticos.

Presidente da FDAMT desde 2008 e cujo mandato vai até 2017, Harvey Brizola foi vice-presidente da entidade de 2004 a 2007.e diretor técnico da entidade entre 2002 e 2003. Começou a trabalhar como técnico e diretor técnico da  Golfinho Azul .em 1987 e onde está até hoje. Como integrante da equipe da Golfinho Azul tem a ajudado, ao longo de quase 30 anos, a formar nadadores campeões estaduais, regionais e brasileiros. Em 1998 fundou a Hames Esportes Aquáticos e da qual é sócio proprietário

 Olho no Esporte  – Por que um estado como Mato Grosso, cuja temperatura permanentemente tão elevada é propícia para atividades aquáticas, não tem um grande número de nadadores de alto nível?

Harvey -- Nós temos uma quantidade grande de piscinas no estado inteiro. Tem muita gente nadando apenas com o objetivo de aprendizado e segurança, mas poucos profissionais que queiram trabalhar como técnico visando formar atletas e por outro lado falta investimento de clubes ou equipes.

Olho no Esporte – Se houvesse investimento do empresariado do Estado nos esportes aquáticos, a exemplo do que já é feito no futebol profissional, Mato Grosso poderia melhorar sua posição no ranking nacional da natação?

Harvey -- Com certeza melhoraria muito. Nós temos atletas de qualidade e técnicos de qualidade no Mato Grosso, mas ainda é pouco, precisaríamos de quantidade também

Olho no Esporte – A construção de piscinas populares em bairros carentes, funcionando sob a direção de pessoas capacitadas, evidentemente, como os acadêmicos dos cursos de Educação Física da Grande Cuiabá, poderia concorrer para alavancar a natação em Mato Grosso?

Harvey -- Acho que só isso não. .Acadêmicos podem auxiliar muito, mas a necessidade de profissionais formados e com capacitação nessa área é maior. Em relação a piscinas o 1º passo é utilizar as que já estão construídas. Tem muitas piscinas de clubes e associações espalhadas por Cuiabá e Várzea Grande que são subutilizadas.

Olho no Esporte – O surgimento em Mato Grosso de grandes nadadores como Felipe Lima e Luiz Pedro (Pepeu) Ribeiro não servem como parâmetro para despertar nas crianças e nos jovens interesses por essa atividade esportiva, como ocorre no futebol, no voleibol, no basquete?

Harvey – Sim! Isso é muito positivo. Ter referências é muito importante.  No entanto, a imprensa não dá um destaque tão grande a esportes amadores como é feito com o futebol. Mas esses atletas, sempre que podem, estão presentes em eventos da natação. O Pepeu ainda é atleta filiado a nossa Federação pelo SESI-MT e participa dos nossos campeonatos estaduais mesmo treinando em São Paulo. O Felipe pertence à Federação Mineira pelo clube Minas Tênis e treina nos Estados Unidos. Por isso, vem pouco a Cuiabá

Olho no Esporte -- O fato de a natação ser um esporte de elite é um obstáculo ao acesso aos esportes aquáticos das pessoas de baixa renda e, consequentemente, a eventual revelação de novos talentos, como tem acontecido em outras modalidades esportivas?

Harvey – Sim, isso é um dos impedimentos. A natação é um esporte um pouco mais caro por você ter que pagar para treinar.

Olho no Esporte – A assinatura de convênios do Governo do Estado ou de prefeituras com academias particulares para popularizar a natação não seria outra saída para busca de talentos para os esportes aquáticos? Ou essa eventual alternativa é inviável?

Harvey -- Hoje nós temos alguns projetos de Prefeituras como Lucas do Rio Verde, Sapezal, Sinop, Nova Mutum, Araputanga, que mantêm suas equipes em projetos municipais, mas não estão conseguindo participar de todos os eventos por falta de recursos ou investimentos na natação.

Olho no Esporte – A piscina semiolímpica do complexo esportivo da Arena Pantanal tem cumprido sua função de revelar talentos para a natação de Mato Grosso?

Harvey -- Não. Ela é uma obra inacabada. Faltam banheiros, vestiários, bebedouros, segurança, limpeza e manutenção e locais com sombra ou para abrigar da chuva. Estamos esperando do novo governo estadual algumas soluções mais urgentes para poder usar a piscina com regularidade. Essa piscina tem dois metros de profundidade e foi feita para ser utilizada para treinamento de atletas e competições. Mas poderia ter sido feita com profundidade menor e atender a profundidade mínima para ter competição e poder ter aulas para iniciantes na natação

Olho no Esporte -- Além dos consagrados Felipe Lima e Pepeu, quais são outros nadadores mato-grossenses que se destacam no cenário nacional na atualidade? Da nova geração de nadadores quais são as atuais grandes promessas dessa modalidade?

Harvey -- Nós revelamos muitos atletas. Temos poucas equipes, mas com qualidade. Por ano em torno de dez atletas -- os melhores, claro --  vão treinar em equipes do sul e sudeste do país como Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Cada vez nadadores de menos idade estão indo para outros estados. O Nathan Biguetti foi atleta da Medley , Golfinho Azul e Sesi aqui em Mato Grosso e hoje é campeão brasileiro e mundial pelo Minas Tênis, em Belo Horizonte. Foi para lá a mais ou menos 2 a 3 anos atrás é um grande destaque. Quando foi embora era 4º lugar em campeonatos brasileiros.

Olho no Esporte – O que está faltando para a natação de Mato Grosso e mais especificamente da Grande Cuiabá deslanchar e se projetar em nível nacional?

Harvey -- Projetos com Municípios, Estado e empresas nas equipes de natação que já estão aqui.  Investimento em capacitação técnica multidisciplinar, investimento financeiro para atletas e técnicos poderem treinar e ter certeza que poderão competir e viajar, pois muitas vezes eles treinam sem essa certeza, justamente por falta de recursos financeiros.

Olho no Esporte – Alguém de Mato Grosso está cotado para ser convocado ou defender o Brasil nos Jogos Olímpicos do no que vem no Rio de Janeiro?

Harvey – Dos atletas filiados a nossa entidade, a FDAMT, somente o Pepeu tem participado de eventos nacionais e Internacionais e está tentando conseguir índice. O Felipe, mesmo treinando em outro clube, é um mato-grossense e cuiabano com grandes chances. Esperamos que consigam estar lá...

Olho no Esporte – O interior do Estado tem se destacado nos esportes aquáticos, a exemplo do que acontece no atletismo que tem sido um grande celeiro de talentos em diversas provas da modalidade?

Harvey – Sim.. Hoje o interior do Estado tem um número de nadadores muito grande em relação a capital e cada vez com mais qualidade. .Muitos atletas do interior também estão saindo para clubes grandes, o que mostra que temos qualidade, pois grandes clubes estão pegando esses atletas que se destacam e levando embora. Sinop, Sorriso, Sapezal e Nova Mutum tem feito um trabalho excelente com seus atletas.

 

 


Data: 2015-11-01 00:00:00