Cuiabá , MT - -
Comparado por muitos saudosistas a Mauro Ramos e a Aírton, zagueiros centrais que na década de 60/70 fizeram muito sucesso no Santos e no Grêmio Porto-alegrense, respectivamente, pela elegância com que saíam jogando dentro da área e a finura no trato da bola, Nelson Vasques, marcou época no futebol mato-grossense, com brilhante passagem principalmente pelo Mixto e o Dom Bosco.
A comparação dos saudosistas é justificada: enfrentando na chamada “zona de perigo” jogadores virtuosos como Adilson, Bife, Gonçalves, Bargas, Ruiter, Gilson Lira e tantos outros, Nelson Vasques, mesmo nas situações de riscos, preferia sair tocando a bola de cabeça erguida, procurando sempre um companheiro melhor colocado par dar continuidade à jogada.
Carioca, Nelson Roberto Vasques iniciou sua carreira no Flamengo, jogando ao lado de Zico, uma das lendas do futebol brasileiro. Ainda no Rio de Janeiro jogou pelo Botafogo e Olaria. Veio para o Mixto em 1973, depois de passar pelo Pinheiros e o Colorado, ambos do Paraná.. Além do Mixto, jogou também pelo Dom Bosco e o Palmeiras, do Porto. Jogou ainda pelo Operário e o Comercial, de Mato Grossos do Sul, Juventus-SP e Anapolina-GO. . .
Depois que encerrou a carreira,,Nelson Vasques tentou a carreira de técnico de futebol, treinando o Tangará Esporte Clube e o Águia Negra-MS.Dedica-se também ao trabalho em algumas escolinhas de futebol. Mas, pelo jeito o trabalho para a revelação de talentos da bola não está sendo feito com a seriedade que merece. .
Olho no Esporte – Por que os clubes profissionais de Mato Grosso não contratam ex-jogadores que marcaram época no futebol do Estado, como é o seu caso e o de tantos outros, para trabalhar em suas divisões de base?
Nelson Vasques -- Hoje as pessoas parece que não se enquadram para resolver seus problemas e com isso passam anos e mais anos e não conseguem alcançar os seus objetivos no futebol
Olho no Esporte – Com a valorização que o futebol alcançou nos últimos anos, o senhor acha que os clubes profissionais do Estado vão sobreviver se não investirem pesado na formação de seus jogadores?
Nelson Vasques -- Se voltarem suas atenções para categoria de base, sim. Mas é preciso fazer um trabalho sério e com competência para que possa dar frutos em um futuro breve
Olho no Esporte – Com tantas equipes disputando competições importantes -- Séries B, C, D, Copa Verde, Copa, do Brasil, inclusive na categoria sub 20 e competições regionais da 1ª e 2ª divisão – o senhor vê um futuro promissor para o futebol mato-grossense?
Nelson Vasques – Vejo, sim! Mas se os clubes montarem uma estrutura sólida, se trabalhar com seriedade as categorias de base como se faz hoje na Europa. A tendência é tudo fluir naturalmente, com o surgimento de grandes elencos de qualidade, além de muitas revelações de jogadores, que temos aqui em Mato Grosso.
Olho no Esporte – O Nelson Vasques que participou da fase áurea do futebol de Mato Grosso, nas décadas de 70 e 80, alimenta esperança de ver um dia esse esporte brilhando como naquele longo período?
Nelson Vasques -- Com certeza que sim, porque temos bons jogadores aqui, como em outros lugares. É uma questão de tempo a formação de elencos de grande qualidade pelos clubes de Mato Grosso..
Olho no Esporte – Quais as diferenças dos pontos de vistas técnico e financeiro do futebol da época de ouro em Mato Grosso para a atual?
Nelson Vasques – Naquela época os dirigentes e jogadores mexiam com futebol porque gostavam do que faziam por verdadeiro amor ao futebol e ao clube. O dinheiro era pouco, diferente de hoje. Como naqueles tempos, hoje também temos grandes jogadores. Mas quem manda no futebol hoje é a grana...
Olho no Esporte – O senhor tem aparecido com frequência na Arena Pantanal para ver jogos de times mato-grossenses em competições regionais ou nacionais ou a exemplo de outros jogadores do passado, “esqueceu” o endereço do estádio, desiludido com o futebol atual?
Nelson Vasques -- Quando posso, vou, porque o futebol está no meu sangue.
Olho no Esporte – Na sua opinião, a Arena Pantanal pode ser mesmo a salvação do futebol mato-grossense ou sua construção está complicando ainda mais a vida dos clubes por causa de seus altos custos de manutenção?
Nelson Vasques – Tivemos o Verdão e temos ainda o Dutrinha, também maravilhoso estádio onde jogaram grandes craques diante de públicos de cinco a seis mil pessoas. Depois foi a vez do Verdão, com capacidade para 55 mil pessoas e no qual tive o prazer de jogar com quase 50 mil pessoas em campeonatos brasileiros. Em campeonatos estduais, cheguei a jogar no clássico Mixto e Operário, com 45 mil pessoas nas arquibancadas.
Olho no Esporte – Qual seria sua seleção mato-grossense dos velhos tempos, com jogadores do do Mixto, Dom Bosco, Operário Várzea-grandense e União?
Nelson Vasques -- Dificilmente eu vou escalar uma seleção, porque na época de ouro do futebol que eu jogava tinha três jogadores da mesma posição e do mesmo nível. Então, eu escalaria três seleções, o que não seria possível....