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Substituto de Blatter: Hayatou é conhecido por cochilar em reuniões e já foi acusado de corrupção

Presidente da CAF, o camaronês substitui Blatter, banido provisoriamente ao lado de Valcke e Platini, na presidência da Fifa. Ele já enfrentou acusações de receber propina



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Na manhã desta quinta-feira, o Comitê de Ética da Fifa anunciou uma punição dura à cúpula da entidade. Foram banidos de todas as atividades relacionadas ao futebol por 90 dias o presidente da Fifa, Joseph Blatter, o secretário-geral Jérôme Valcke - que já estava afastado sob acusações de envolvimento com venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo de 2014 -, e o presidente da Uefa e membro do Comitê Executivo da Fifa, Michel Platini, que também é pré-candidato à presidência da entidade na eleição marcada para 26 de fevereiro. O francês pode ser impedido de concorrer por conta da suspensão. Com o afastamento da cúpula, Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF) e vice-presidente sênior da Fifa, assume o posto de número um interinamente.

Arredio no trato com jornalistas, Hayatou normalmente evita a imprensa nos eventos da Fifa. Na passagem para a reunião do Comitê Executivo no dia 20 de julho em Zurique, que foi seguida de chuva de dólares sobre Blatter em coletiva, ele manteve esse comportamento. E chegou a pedir à gerência do hotel Baur au Lac, em Zurique, onde os sete dirigentes foram presos em 27 de maio, que todos os jornalistas fossem retirados do saguão. Após alguma argumentação, o acesso da imprensa foi mantido, com o pedido de que não abordar os hóspedes. Ele também é conhecido na entidade, além do ex-presidente da Conmebol Nicolas Leoz, e do ex-presidente da Associação de Futebol da Argentina (AFA), o falecido Julio Grondona, por cochilar em reuniões.

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Issa Hayatou nasceu em Garoua, Camarões, em 9 de agosto de 1946 e já praticou atletismo e basquete. É de família influente na política local e seu irmão já foi primeiro-ministro do país. Em 74, aos 28 anos, Hayatou foi nomeado secretário-geral da Associação de Futebol de Camarões e, 13 anos depois, se tornou presidente da CAF, cargo que ocupa até hoje, com 69. Recentemente, foram feitas alterações nos estatutos da CAF, que obrigavam executivos a deixar os cargos aos 70 anos. Hayatou alegou que isso foi feito para alinhar a política da confederação com a Fifa. O camaronês teve participação considerada fundamental na escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010.

Em 2002, Hayatou concorreu com Joseph Blatter nas eleições para a presidência da Fifa, mas foi derrotado por 139 a 56. Segundo a agência Reuters, antes daquela eleição Blatter foi alvo de uma reclamação formal de 11 membros do Comitê Executivo da Fifa, acusando-o de abuso de poder e gestão temerária. O então secretário-geral Michel Zen-Ruffinen entregou um documento aos procuradores suíços em nome dos 11, mas Blatter sobreviveu às acusações e venceu o pleito.

Uma investigação da BBC apontou que Hayatou teria recebido propina pela venda de direitos da Copa do Mundo na década de 90. Foi acusado de receber dinheiro da ISL, empresa de marketing esportivo. Ele negou as alegações. O COI emitiu uma reprimenda a Hayatou em 2011, por conta do escândalo envolvendo a ISL. No mesmo ano, Hayatou foi acusado, ao lado de Jacques Anouma, de aceitar US$ 1,5 milhão da campanha vitoriosa do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022. Ele negou ter recebido o dinheiro. Há uma investigação em andamento na Suíça sobre possível compra de votos para escolha das sedes dos Mundiais de 2018 e de 2022. De acordo com as autoridades suíças, 101 transações bancárias suspeitas já foram identificadas e um grande volume de dados está em análise pela Procuradoria Geral. 

Joseph S. Blatter ao lado de Issa Hayatou no estádio Soccer City (Foto: agência EFE)Joseph S. Blatter ao lado de Issa Hayatou no estádio Soccer City, na África do Sul (Foto: agência EFE)

Na manhã desta quinta-feira, após o anúncio das suspensões de Blatter, Valcke e Platini, o camaronês emitiu um comunicado oficial, no qual afirma que não será candidato na eleição marcada para o dia 26 de fevereiro e garantindo que assume somente em caráter interino.

- Eu servirei somente como interino. Um novo presidente será escolhido no Congresso Extraordinário em 26 de fevereiro de 2016. Eu mesmo não serei um candidato a essa posição. Até o Congresso Extraordinário, eu juro dedicar meus melhores esforços à organização, às associações membros, aos nossos empregados e valorosos parceiros, e aos fãs de futebol em qualquer lugar. A Fifa se mantém comprometida com o processo de reforma, que é crítico para reconquistar a confiança pública. Vamos continuar a cooperar totalmente com as autoridades e seguir a investigação interna, onde quer que ela leve. O futebol nunca teve maior apoio no mundo, e isso é algo de que todos associados à Fifa devem ter orgulho - disse Hayatou no comunicado enviado por email.


Data: 2015-10-09 00:00:00