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Surpreso com acerto, Felício festeja a chance de atuar pelo Chicaco Bulls de Michael Jordan

Depois de se destacar na Summer League (Liga de Verão) da NBA, bicampeão do NBB pelo Flamengo assinou um contrato de dois anos sem garantias com o Chicago



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O dia 7 de julho é sempre de festa para Cristiano Felício. Mas esse ano o aniversário do bicampeão do NBB pelo Flamengo foi diferente e mais do que especial. Mesmo longe de casa e dentro de uma quadra de basquete, a distância da família não importou tanto. Afinal, o presente mais festejado pelos seus 23 anos de vida veio das mãos dos americanos, sem embrulho, num simples pedaço de papel. Inscrito na Summer League da NBA pelo Chicago Bulls, o pivô de 2,08m agradou tanto aos dirigentes do ex-time de Michael Jordan e Scottie Pippen que o acordo de duas temporadas assinado pelo mineiro de Pouso Alegre foi anunciado justamente na data de seu nascimento

Por enquanto, Felício está garantido na próxima temporada, já que o Chicago conta com 15 jogadores sob contrato, o limite da NBA. Porém, o brasileiro ainda pode precisar brigar por uma vaga caso algum jogador seja contratado para o período de treinamento durante a pré-temporada.

Se o acerto para jogar no melhor basquete do mundo já foi uma surpresa, a oportunidade de se tornar o primeiro brasileiro a vestir a camisa do time pelo qual atuou o maior jogador de todos deixa Felício quase sem palavras. 

- É algo inexplicável - resumiu o ex-jogador do Flamengo.  

A perplexidade em poder vestir o uniforme dos Bulls nem de longe se compara à sua nova rotina nos Estados Unidos. Ex-morador do estado da Califórnia, quando treinou e estudou numa "prep. school" - espécie de escola intermediária entre o colegial e a universidade dos EUA -, Felício garante que pouca coisa mudou na sua vida. Da alimentação balanceada às cores do novo time, tudo se parece muito com seu dia a dia no Rio de Janeiro. O que ainda atrapalha a adaptação do ex-pivô do Flamengo à cidade de Chicago é uma característica antiga da sua personalidade: a timidez.

Se fora de quadra o jogador ainda não fez muitos amigos, durante os treinos ele vem conquistando seu espaço e ganhando a admiração de todos da franquia de Illinois. De Gar Forman, gerente dos Bulls, até o novo técnico da equipe, o ex-jogador do próprio Chicago, Fred Hoiberg. Dos futuros companheiros, Felício também não tem do que reclamar.  

- Nem todos jogadores estão aqui ainda. Alguns estão disputando o Pré-Olímpico da Europa, mas já tive contato com alguns que disputaram a Summer League e que já eram do Chicago. Está sendo muito bacana esse convívio, estou aprendendo bastante - explicou o jogador.

Focado apenas na NBA, mesmo sem ainda ter a certeza de que jogará pelo Chicago na próxima temporada, Felício prefere nem pensar numa possível volta ao Flamengo. Em entrevista por email ao GloboEsporte.com, o pivô se mostrou despreocupado com os poucos minutos de quadra que teve até agora, falou sobre seu desempenho na Summer League e afirmou ainda que tem esperanças de defender o Brasil nos Jogos Olímpicos do ano que vem.

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Confira a entrevista na íntegra:  

GloboEsporte: Quase dois meses se passaram desde sua chegada aos EUA. O que mudou na sua vida?

Cristiano Felício: Mudou pouca coisa, na verdade. Eu já tinha vindo aos Estados Unidos
algumas vezes, já havia morado aqui antes e sempre tentava fazer a mesma coisa em relação a treinos e alimentação no Brasil. O que tem de diferente, na verdade, é que ainda não conheço muita gente aqui em Chicago, e isso acaba fazendo com que a rotina mude um pouco.

Imaginava ser contratado pelo Chicago Bulls ou qualquer outra equipe da NBA quando decidiu participar da Summer League (Liga de Verão)?

Para falar a verdade, não imaginava ser contratado por qualquer time. Fui para a Summer League para mostrar o meu melhor, para aproveitar uma oportunidade. Graças a Deus assinei com o Chicago e para mim foi uma felicidade imensa, fruto de um trabalho bem feito em quadra e a recompensa de todo o esforço.

Sua contratação foi anunciada pelos Bulls no dia seguinte de seu aniversário. Foi o maior presente da sua vida?
Foi um dos melhores presentes de aniversário que recebi na vida, com certeza. No dia do meu aniversário, eles me avisaram e se eu já estava feliz por estar treinando para Summer League, fiquei ainda mais feliz com aquela notícia. Me motivou ainda mais para fazer um bom torneio. 

michael jordan 50 anos (Foto: Agência Getty Images)Felício será o primeiro brasileiro a vestir a camisa do ex-time de Michael Jordan e Scottie Pippen (Foto: Agência Getty Images)

Qual a sensação de ser o primeiro brasileiro de vestir a camisa do time que foi de Michael Jordan?
É algo inexplicável. Pensar que vou jogar no mesmo time em que o melhor de todos os tempos jogou e conquistou tantos títulos, o maior ídolo da cidade, é especial. Ser o primeiro brasileiro a vestir essa camisa é uma honra.

Como foi sua participação na Summer League e como tem sido essa pré-temporada com os Bulls?
Acho que tive um bom desempenho na Summer League. Não tive muitos minutos, mas procurei aproveitar ao máximo e tentei mostrar o meu basquete para estar aqui hoje. A pré-temporada está sendo fantástica, estou treinando bastante e aprendendo muito. Sou novato ainda e por ser um jogo diferente daquele que se joga no Brasil e no resto do mundo, os jogadores estão me dando muitas dicas. 

No que você mais evoluiu dentro de quadra neste período nos Estados Unidos?
Acho que esse tempo que estou aqui consegui evoluir bastante fisicamente. Dentro de quadra, fazendo muito trabalho de arremessos, de costas para a cesta, sempre com movimento, isso me ajuda muito em relação ao meu jogo.

Já teve algum contato com seus novos companheiros ou tem treinado apenas com os atletas que participaram da pré-temporada?
Nem todos os jogadores estão aqui ainda. Alguns estão disputando o Pré-Olímpico da Europa, mas já tive contato com jogadores que disputaram a Summer League, que já eram do Chicago e está sendo muito bacana esse convívio, estou aprendendo bastante.

Tem algum receio de ter pouco tempo de quadra caso realmente fique no Chicago Bulls?
Não. Estou aqui para aprender, para melhorar o meu basquete e isso está acontecendo. Mesmo não tendo muitos minutos em quadra, estarei evoluindo no dia a dia com os outros jogadores e com os técnicos, que sempre me dão muitas dicas do jogo. Quero estar cada vez mais bem preparado para quando chegar a minha chance de jogar contribuir da melhor maneira possível.

Após sua participação na Summer League o Gar Forman, gerente dos Bulls, se mostrou impressionado com seu desempenho. Ele te deu alguma garantia para a próxima temporada?
Conversamos e ele me deu muito apoio, me passou muita confiança. Estou focado apenas em fazer tudo o que posso de melhor, mostrar o meu valor e ajudar o Chicago, clube que me deu a chance de começar a construir uma carreira na NBA.

Novo técnico dos Bulls, o Fred Hoiberg comandou seus primeiros treinos em Chicago. Como tem sido sua convivência com ele?
Ele esteve com a gente na Summer League, deu os treinos e agora está sempre dentro de quadra. É um técnico que se dedica muito, inteligente e detalhista, conversa sempre com os jogadores. A minha convivência com ele está sendo boa, ele tem falado bastante e está sempre por perto.

O Scottie Pippen tem se mostrado um torcedor fanático dos Bulls desde sua aposentadoria das quadras. Alguma vez neste período ele já marcou presença nos treinos ou nos jogos da Summer League?
Já me falaram que o Pippen sempre vai aos jogos e procura ir a alguns treinos também para falar com o pessoal e ver como o time está. Mas ainda não tive a chance de encontrar com ele.

Cristiano Felício na época em que defendeu o Flamengo (Foto: Buda Mendes / Getty Images)Cristiano Felício na época em que defendeu o Flamengo (Foto: Buda Mendes / Getty Images)




Por duas vezes a oportunidade de jogar nos EUA escapaou de suas mãos. Primeiro quando perdeu a chance de jogar em Oregon e depois ao não ser selecionado no Draft de 2014 da NBA. Chegou sua hora?
Não vejo assim. As outras chances não escaparam das minhas mãos porque elas nunca estiveram. Nunca tive uma chance real, mas acredito que essa é a maior chance que estou tendo, a chance de poder jogar e me firmar aqui nos Estados Unidos. Espero que tenha chegado a minha hora.

Depois de quase dois meses nos EUA você conseguiria se imaginar disputando mais um NBB pelo Flamengo?
Tenho muito respeito e gratidão pelo Flamengo e um carinho enorme pela torcida que sempre me tratou muito bem. Isso vou levar comigo para sempre comigo, mas hoje minha cabeça e meu foco estão aqui. Estou trabalhando duro e firme no máximo que posso, treinando duas vezes por
dia. Mas sempre vou estar lembrando do Flamengo, claro.

A possibilidade de disputar a próxima temporada da NBA te deixa mais perto de brigar por uma vaga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro?
Não sei se me deixa mais perto, porque o Brasil tem excelentes jogadores na minha posição, que já jogam aqui na NBA há muitos anos. Mas acho que se fizer uma boa temporada aqui posso vir a ser convocado para as Olimpíadas. Estando no grupo, vou dar o melhor. Poder representar o meu país nos Jogos de 2016 dentro de casa seria uma emoção inexplicável.

 


Data: 2015-09-17 00:00:00