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"Homem Peixe", brasileiro surfa ondas de até oito metros sem usar prancha

Especialista no surfe de peito, Henrique Pistilli encara alguns dos picos mais temidos do mundo, como Teahupoo, no Taiti, e Jaws, no Havaí: "Diziam que a gente ia morrer"



ESSA NOTÍCIA É UM OFERECIMENTO:


Encarar ondas de até oito metros não é para qualquer surfista. O que dizer então de quem enfrenta esse desafio sem prancha? É o que faz Henrique Pistilli, especialista no surfe de peito - ou bodysurf (em inglês), popularmente conhecido no Brasil como "Jacaré". Apelidado de "Homem Peixe", o carioca, de 36 anos, vem desenvolvendo técnica própria e desbravando algumas das ondas mais temidas do mundo, como Teahupoo, no Taiti, e Jaws, no Havaí.

- O ponto era quebrar esse mito. Diziam que a gente ia morrer. Mas fomos um dia experimentar em Jaws e foi muito bom. Agora, queremos voltar. Conseguimos pegar ondas entre 12 a 15 pés havaianos, que dá entre sete e oito metros. Para Jaws, é um mar muito pesado. Foram algumas das maiores que já peguei, em peso, volume de água - contou Henrique.

Confira vídeo no link abaixo:

http://globoesporte.globo.com/radicais/surfe/noticia/2015/09/homem-peixe-brasileiro-surfa-ondas-de-ate-oito-metros-sem-usar-prancha.html

Henrique Pistili utiliza técnicas do Polo Aquatico em suas abordagens no bodysurf. Na foto ele "sobrevoa" Off The Wall, no Havai (Foto: Fernando Cazaes / Divulgação)Henrique utiliza técnicas do polo aquático.
Na imagem ele em "Off The Wall", no Havai
(Foto: Fernando Cazaes / Divulgação)

Com mais de 20 anos de experiência, o "Homem Peixe" conheceu o surfe de peito ainda na adolescência, nas praias do Rio de Janeiro. Era praticante de polo aquático e foi apresentado estilo pelo antigo técnico, Hélio Fernandes, que acreditava que a técnica ajudava no desenvolvimento dos atletas na modalidade. Com o passar dos anos, chegou a experimentar o bodyboard, mas, até por um estilo de vida, optou por se dedicar apenas ao surfe sem prancha. 

- Combina muito mais comigo. Prefiro ficar mais solto mesmo, nadando - completou o Henrique, que também é mergulhador.

Em 2005, o carioca foi pela primeira vez ao Havaí, depois de vender um carro para bancar a viagem. Se apaixonou e, desde então, viaja todos os anos para o arquipélago no Pacífico. Começou surfando de peito nos famosos tubos de Pipeline. Aos poucos, começou a encarar outras ondas mais fortes, até chegar a Jaws (veja abaixo vídeos sobre Henrique no Canal Off).

- Passava dois meses lá, morando em uma van improvisada e pegando ondas em Pipeline e Sunset. Fui pegando ondas cada vez maiores. Aí, quis experimentar pela primeira vez Waimea. Lá, normalmente os bodysurfers ficam na beira, ninguém vai lá para trás. Fui e já entrei no mar com ondas de até nove metros. Peguei umas entre sete e oito e comecei a perceber que, se ficasse tranquilo, não era tão complicado. Treinei muito em Sunset e Waimea até que surgiu a ideia de ir surfar em Jaws.

Henrique em uma das mais tradicionais ondas do big surf mundial, a imponente Waymea, no Havai (Foto: Ricardo Taveira / Divulgação)"Homem Peixe" em uma das mais tradicionais ondas, a imponente Waimea, no Havai (Foto: Ricardo Taveira / Divulgação)

Os riscos existem, é claro. E Henrique os conhece bem. Já sofreu ferimentos surfando em Teahupoo, Pipeline e Sunset. Mas foi imponente onda havaiana de Waimea que passou um dos maiores apuros que se recorda. E não foi nem quando estava deslizando na onda, mas enquanto esperava no pico e precisou cortar uma série gigantesca.

- Em Teahupoo, trouxe uma "tatuagem" na perna. Esbarrei no fundo. Isso sempre acontece. Lá, a onda é muito forte para te rodar. Em Pipeline já ralei o joelho, levei alguns pontos. Mas o que mais assustou foi Waimea. Ir lá para fora, um lugar onde ninguém tinha ido. Estava mais para dentro e veio uma série de quatro ondas. Eu nunca tinha furado onda tão grande. Uma montanha de espuma batendo em cima de mim. Vi que tinha que ir muito para baixo. Fica tudo escuro por uns cinco segundos. Tem que estar tranquilo, ir subindo. Não assustador nem em termos do fôlego, mas o quase pânico que passei. Depois dessa experiência, consegui cair em mares até maiores. No mar muito grande, se errar um pouco o posicionamento, pode vir uma série em cima de você e ficar no meio do rebuliço não é muito legal.

Henrique Pistilli em um tubo em Bawa, na Indonésia (Foto: Rodrigo Pacheco / Divulgação)Henrique Pistilli surfando um tubo em Bawa, na Indonésia (Foto: Rodrigo Pacheco / Divulgação)

Protagonista da série de TV "Homem Peixe", do canal Off, onde mostra algumas de suas aventuras por paraísos do surfe, Henrique também trabalha ministrando palestras e como consultor empresarial. Atualmente, mora em Fernando de Noronha, onde busca um estilo de vida que harmonize natureza, esporte, trabalho e espiritualidade. Dentro desses conceitos, criou técnicas próprias para o ensino do surfe de peito a alunos na ilha.

Henrique Pistilli palestra motivacional (Foto: Ricosombra / Divulgação)Henrique Pistilli em uma de suas palestras motivacionais (Foto: Ricosombra / Divulgação)

- Sou professor de Jacaré aqui. É um apelido legal para o esporte, mas em termos de método, é apenas a primeira fase, que consiste em entrar, permanecer e sair da onda em segurança. Depois, tem a fase Serpente, que lida com a fluidez na onda, da Gaivota, que seria o elemento aéreo, de manobras, e do Golfinho, que é a sua conexão com o mar, o seu estilo de surfar - explicou.

Vanguardista, Henrique vem desenvolvendo ainda novas ideias para a prática do surfe de peito, como o town in, quando o surfista é puxado por uma moto aquática, e o kitesurfe. Também trabalha no desenvolvimento de uma roupa específica para o bodysurf.

- Estou fazendo testes com o town in. Também com o kite. Estou estudando também outros equipamentos e técnicas corporais legais. 

Henrique Pistilli bodysurfe Jaws Havaí (Foto: Erik Aeder / Divulgação)Carioca encarando a temida onda de Jaws (Foto: Erik Aeder / Divulgação)
Henrique Pistilli meditando no fundo Sancho, em Fernando de Noronha (Foto: Flavia Vianna / Divulgação)Morador de Fernando de Noronha, Henrique prega a harmonia com a natureza (Foto: Flavia Vianna / Divulgação)
Henrique Pistili em tubo na famosa praia de Pipeline, no Havaí  (Foto: Arquivo pessoal)Henrique Pistili em tubo na famosa praia de Pipeline, no Havaí (Foto: Arquivo pessoal)
Henrique Pistilli em um tubo em Bawa, na Indonésia (Foto: Rodrigo Pacheco / Divulgação)Henrique Pistilli surfando sem prancha em Bawa, na Indonésia (Foto: Rodrigo Pacheco / Divulgação)

Data: 2015-09-02 00:00:00