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Atletismo: Murer reescreve história no Ninho e é prata no Mundial em Pequim

Brasileira deixa frustração de 2008 no passado e, aos 34 anos, fatura no salto com vara a primeira medalha do Brasil em Pequim. Rival cubana volta a levar a melhor



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Até esta quarta-feira, o Ninho do Pássaro era o palco de uma das maiores frustrações da carreira de Fabiana Murer. Era o lugar onde seu equipamento havia sido perdido, onde um sonho olímpico havia caído por terra, onde havia chorado e dito que jamais voltaria a competir. Felizmente, a brasileira voltou. Enterrou qualquer fantasma, deixou as lembranças ruins no passado e voou tão alto quanto no melhor momento de sua carreira. Com 4,85m, fez sua melhor marca na temporada e conquistou a prata no salto com vara feminino, a primeira medalha do Brasil no Mundial de Pequim. Assim como no Pan de Toronto, a cubana Yarisley Silva, favorita, tomou o ouro da paulista no último salto ao passar do sarrafo em 4,90m. O bronze ficou com a grega Nikoleta Kyriakopoulou.

Esta é a segunda vez que Fabiana, hoje com 34 anos, sobe ao pódio na história  da competição. Em 2011, em Daegu, na Coreia do Sul, ela tornou-se a primeira atleta brasileira a ser campeã mundial de atletismo.

- É uma outra competição, totalmente diferente. Entrei com uma experiência diferente. Passaram muitos anos (desde Pequim 2008), passei por muita coisa. A sensação que cheguei aqui é como entrei para aquela final. Entrei com a certeza que ia ter uma medalha, como em 2008. Entrei com a mesma sensação. Mas a saída é bem diferente (risos). Estou muito contente com essa medalha. Acho que saltar de novo 4,85m foi superimportante para mim depois de quatro anos, em Daegu - disse Murer.

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Fabiana chegou à China com a quarta melhor marca da temporada: 4,80m. Na fase de classificação, foi a atleta que menos precisou suar para avançar à final. Começou a saltar com o sarrafo a 4,55m, estratégia compartilhada apenas pela campeã olímpica Jennifer Suhr – a americana, no entanto, só acertou o salto na segunda tentativa. Como poucas atletas seguiam elegíveis, a organização desistiu de manter a marca de classificação em 4,60m e passou 14 atletas à disputa por medalhas.

O ''duelo''
A brasileira só entrou na disputa em 4,50m e acertou de primeira os três saltos até 4,70m, altura em que a cubana Yarisley Silva, favorita ao ouro, só ultrapassou na terceira e última chance.

Fabiana Murer Mundial de Atletismo (Foto: Getty Images)Murer volta a subir no pódio em um
Mundial de Atletismo (Foto: Getty Images)

Com o sarrafo a 4,80m, Fabiana teve a chance de assumir a liderança. Na descida, derrubou a barra com a coxa. Todas as outras concorrentes erraram nesta rodada, exceto a grega Nikoleta Kyriakopoulou, que tomou a frente na classificação. Na segunda tentativa, Yarisley  e Fabiana tiveram sucesso e mantiveram-se na disputa por medalhas – com a paulista em segundo na classificação. Com os erros de Jennifer Suhr, Sandi Morris, Angelica Bengtsson e Holly Bradshaw, sobraram apenas as três na disputa, Fabiana garantiu ao menos o bronze.

Com o sarrafo a 4,85m, Yarisley foi a primeira a saltar e passou sem dificuldades. Fabiana foi em seguida e tirou o fôlego da torcida: bateu no sarrafo, mas como ele não caiu, o salto foi validado, e ela assumiu a liderança provisória. Com o erro da adversária grega, colocou a mão no ouro.

A marca de 4,90m representava um desafio a mais, já que a melhor marca da carreira de Fabiana era justamente 4,85m, e apenas Yarisley havia superado a altura na temporada. Tanto a cubana quanto a brasileira e a grega - que arriscou acompanhá-las na altura para tentar seguir na briga pelo título - erraram.

O campeão olímpico Renauld Lavillenie juntou-se à comissão técnica brasileira e engrossou a torcida por Fabiana. Na segunda rodada nos 4,90m, todas voltaram a errar. Para Kyriakopoulou, a falha representou o fim da disputa e a confirmação da medalha de bronze.

Em sua última tentativa, Yarisley precisava acertar para tirar o ouro da brasileira. E conseguiu. Passou raspando pelo sarrafo e saiu comemorando muito. Fabiana saltou uma última vez, mas derrubou a barra. O ouro escapou, mas a prata já significava um capítulo histórico. Era a primeira medalha do Brasil em Pequim, a segunda dela em mundiais. Era a certeza de que o trauma de 2008 havia sido enterrado, e que o Ninho do Pássaro podia lhe proporcionar um final feliz.

- O salto com vara é uma prova muito difícil porque a gente fica lá umas duas, três horas dentro da prova. Sabia que tinha que saltar bem desde o começo, evitar erros abaixo. Sabia que na hora do desempate isso ia contar. Tentei me manter firme e passar sempre na primeira tentativa. E lógico, poupar energia. Porque o que vale é saltar alto no final, não no começo. Procurei me manter concentrada, mas a tensão é muito grande. Estou super cansada, mas muito feliz - disse a medalhista de prata.

Yarisley Silva Mundial de Atletismo (Foto: Getty Images)Yarisley Silva: cubana passou por 4,90m e superou novamente Fabiana Murer (Foto: Getty Images)

Data: 2015-08-26 00:00:00