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Cuiabá , MT - -

Hélio Machado afirma que voltar a jogar no Durinha é andar para trás



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Voltar a jogar no Dutrinha é caminhar para trás – esta é a opinião do veterano militante nos esportes do Estado, como professor de Educação Física, treinador de futebol e até presidente do Mixto Esporte Clube, Hélio Machado. Ele considera que o futebol profissional pode até votar a usar o velho estádio do centro da cidade, mas em jogos de menor expressão, porém os grandes espetáculos têm que ser na Arena Pantanal.

A propósito da Arena Pantanal, acha Hélio Machado que o majestoso estádio precisa ser administrado com maior seriedade e até os altos custos para sua manutenção, o que deu origem ao movimento em gestação para a volta do futebol profissional para o Dutrinha, ser esclarecidos.

Para Hélio Machado, Mato Grosso tem hoje apenas duas equipes  estruturadas: o Cuiabá e o Luverdense. As demais vivem de um passado remoto e não buscam solução para o seu fortalecimento, a exceção do Dom Bosco, que dá sinais de uma gestão profissional que pode levar o azulão a voltar a ser de novo o Leão da Colina.

Em sua opinião, o sumiço dos torcedores dos estádios de futebol de Mato Grosso está ligado diretamente à má qualidade do futebol que se pratica no Estado. E também ao desaparecimento da rivalidade que sempre existiu entre Mixto, Dom Bosco, Operário e União. “Futebol é rivalidade...”  -- destaca.

Hélio Machado defende também a volta de investimentos dos clubes profissionais nas suas divisões de base para formação dos seus próprios jogadores. E acha até que a CBF e a Fifa deviam interferir nessa questão de empresários mercenários que estão levando para o exterior  grandes promessas do futebol brasileiro – nos últimos  anos foram mais de 500 – que nem passaram ainda por um estágio no profissionalismo...

Olho no Esporte -- Como um antigo militante nos esportes em geral no Estado, inclusive como professor de Educação Física, técnico e dirigente de clube, avalia o futebol profissional de Mato Grosso da atualidade?

 

Hélio Machado – O futebol de Mato Grosso hoje tem só duas equipes estruturadas: o Luverdense e o Cuiabá. As demais são equipes que vivem de um passado remoto e não buscam solução para o seu fortalecimento. O Dom Bosco parece-me, hoje, que tem uma visão de gestão profissional e quem sabe poderá em um futuro bem próximo voltar a ser o Leão da Colina.  

 

Olho no Esporte -- Quais as principais diferenças entre o futebol de Mato Grosso das décadas de 60 e 70 e o atual?

 

Hélio Machado – Nas décadas de 60 e 70 o maior lazer da população da Baixada Cuiabana era o futebol nos finais de semana no Dutrinha e posteriormente no Verdão e isso fazia com que os jogos fossem realizados sempre com casa cheia. Bom público e renda garantida permitiam aos dirigentes da época montar bons times, atraindo verdadeiras multidões aos jogos. Hoje temos jogos de segunda a segunda na tv e outros meios de lazer, fazendo com os estádios fiquem vazios e, consequentemente, os  clubes acabam pagando para jogar. Como não têm nenhuma outra fonte de renda, os clubes não conseguem montar e manter bons times...    

 

Olho no Esporte -- São fatores econômicos como os altos preços dos ingressos e o empobrecimento da população ou a baixa qualidade do futebol que estão afastando os torcedores dos estádios de Mato Grosso?

 

Hélio Machado – A baixa qualidade de nossos times que não empolgam mais nem o mais fanático dos torcedores.

 

Olho no Esporte -- Como ex-treinador e ex-presidente do Mixto, o senhor tem alguma sugestão para fazer o torcedor voltar aos estádios como acontecia nos velhos tempos do futebol da Grande Cuiabá quando os clássicos entre Dom Bosco, Mixto e Operário levavam até 40 mil pessoas ao saudoso Verdão?

 

Hélio Machado – Futebol é rivalidade. Sem ela não há motivação para o torcedor ir aos estádios. Qual a rivalidade no futebol de hoje em Mato Grosso? Nenhuma! Os jogadores do Mixto, Dom Bosco e Operário Várzea-grandense são vistos jogando em campeonatos amadores, da Grande Cuiabá fazendo com que o torcedor perca a ilusão com o futebol. Acho que a solução é o investimento com seriedade na base. Com profissionais sérios e competentes, respaldados por dirigentes comprometidos com a instituição e que não tentem fazer sua figura pessoal mais importante que a sua equipe. Na atual conjuntura, as equipes não têm como montar bons times, pois não possuem estrutura financeira para tal. Patrocínios seriam uma das formas de levantar fundos. Mas o patrocinador quer retorno do seu investimento, porém sem público e sem espetáculo, ele não investe. Começar do zero é a solução para as equipes que ainda fazem parte da história do nosso futebol, como são os casos de Mixto, Operário, Dom Bosco e União.

 

Olho no Esporte -- Qual a sua opinião sobre a Arena Pantanal? O majestoso estádio pode representar mesmo a redenção do futebol de Mato Grosso ou está complicando ainda mais a vida dos clubes com seus altos custos de manutenção?

 

Hélio Machado – A Arena Pantanal tem quer ser o palco dos grandes espetáculos proporcionados por nossos clubes. Mas onde estão os clubes que no passado tanto empolgavam os torcedores? Lamentavelmente só restaram os nomes deles. A Arena Pantanal precisa ser administrada com seriedade e seus custos tão elevados precisam ser esclarecidos. Grandes jogos levarão o torcedor para a Arena.  É preciso, porém, cobrar preços compatíveis, deixar de lado a ganância exacerbada  dos promotores de eventos com as equipes de fora, pois cobram preços altos pelo ingresso, afugentando o torcedor do nosso majestoso estádio. A Arena em si já deixou de ser atração. Hoje é uma casa estruturada para grandes espetáculos. Vamos torcer para que isso venha acontecer enquanto é tempo.

 

Olho no Esporte – Com a supervalorização que o futebol profissional alcançou nos últimos anos, o senhor acha que clubes como Dom Bosco, Mixto, Operário, só para exemplificar, terão condições de sobreviver por muito tempo se não investirem na formação de seus próprios jogadores?

 

Hélio Machado – Quando a Lei Pelé foi implantada, ela quebrou os clubes que tinham na posse do passe dos jogadores o seu patrimônio maior. A lei deixou poucos jogadores recebendo vultosos salários e a grande maioria ganhando quase que salário mínimo. Os bons jogadores se valorizaram, tornando-se inviável a contratação dos mesmos por equipes de porte médio e aqui em Mato Grosso não foi diferente.  A base é hoje a única saída para nossos clubes. Revelar jogadores e mantê-los por algum tempo é a salvação do nosso futebol.

 

Olho no Esporte  – As recentes mudanças na Lei Pelé, uma das quais confere de novo direitos dos clubes sobre o passe dos jogadores que formam em suas bases, pode contribuir para que as agremiações profissionais de futebol voltem a investir em suas “escolinhas”?

 

Hélio Machado – Essas mudanças devem fazer com que os clubes voltem a investir na base para não ficarem reféns de mercenários empresários que enriquecem as custas de jovens promessas do nosso futebol.

 

Olho no Esporte – O desestímulo de investimentos nas bases dos clubes profissionais é a principal causa da falta de surgimento de talentos no futebol brasileiro ou o Brasil deixou de ser mesmo um celeiro de grandes craques de futebol?

 

Hélio Machado – O Brasil continua sendo o maior celeiro de craques do mundo. Acontece que nossas promessas já estão comprometidas com empresários que as levam para o exterior antes mesmo de jogarem na categoria profissional. Nos dias de hoje, aproximadamente 500 jovens deixaram o Brasil pelas mãos de seus empresários para tentarem a sorte em clubes da Europa, Ásia e agora também dos Estados Unidos. A CBF e a Fifa precisam acabar com essa figura de ”empresário” para que nossos valores permaneçam em nosso país.

 

Olho no Esporte – Qual a sua opinião sobre o movimento em gestação para que os clubes profissionais da Grande Cuiabá voltem a mandar seus jogos no Dutrinha, que, por sinal, está sendo reformado, para fugirem dos altos custos de manutenção da Arena Pantanal? Se o movimento vingar, o majestoso estádio pode se transformar mesmo em um “elefante branco” como sempre se temeu?

 

Hélio Machado – Realizar grandes jogos no Dutrinha é andar para trás. Precisamos é revitalizar o nosso futebol para atrairmos o público torcedor com grandes espetáculos.  A Arena Pantanal é o local ideal para grandes espetáculos. O Dutrinha só para pequenos jogos sem expectativa de grande número de torcedores. A Arena Pantanal tem que ser olhada como mola propulsora para alavancar nosso futebol. Os governos estadual e municipal precisam olhar com mais carinho para a história do nosso futebol e criar leis que venham contribuir para o seu engrandecimento e consolidação.

 


Data: 2015-08-25 00:00:00