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Cuiabá , MT - -

Júnior Rocha, um campeão de longevidade como técnico do Luverdense



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Gaúcho de São Leopoldo, Dilceu Rocha Júnior, que acabou virando Júnior Rocha, com seus 34 anos, é um dos mais jovens técnicos do futebol brasileiro. Jogador de futebol profissional durante dez anos, ele começou sua carreira como treinador no seu estado, trabalhando com atletas da divisão de base em um estágio mais adiantado.

Migrou para Mato Grosso em 2007 para trabalhar  também com divisões de base no Luverdense, através de um convênio, que deixou de existir, com a Prefeitura de Lucas do Rio Verde e acabou ganhando a chance de dirigir o time profissional da cidade.

Ficou no Luverdense até 2011, conseguindo algumas importantes conquistas. Saiu e voltou de novo pouco tempo depois para dar sequência a sua vitoriosa carreira. Júnior Rocha é um caso à parte nesse futebol brasileiro que vive de resultados e por isso as primeiras cabeças a rolarem, quando um time não vai bem, são as dos treinadores.

No Luverdense é diferente: o Verdão do Norte passou por uma fase difícil, que ainda está tentando superar, acumulando sucessivos resultados negativos, e ao invés de demitir o técnico, o presidente Helmute Lawisch veio a público para dizer com todas as letras que Júnior Rocha continuava no cargo “porque ninguém entende mais do Luverdense do que ele...”

No futebol mato-grossense o último exemplo foi Fernando Marchiori, do Cuiabá, demitido no início da semana depois de cinco jogos sem uma vitória. Aliás, no início de sua carreira como profissional, Júnior Rocha foi auxiliar- técnico de Marchiori no Luverdense.

Júnior Rocha tem uma explicação para essa longevidade no cargo: o Luverdense tem uma diretoria que acompanha efetivamente o dia a dia do clube e por isso conhece bem a filosofia de trabalho do treinador e também o comprometimento do plantel. Não só acompanha como assume responsabilidades até na hora de contratação de jogadores.

Tanto é que na hora de contratar um jogador, a diretoria recorre à moderna tecnologia de que dispõe hoje, através da internet, para fazer uma avaliação extracampo do profissional que interessa ao clube...

A luta do Luverdense, segundo Júnior Rocha, é para permanecer na Série B e não para subir para a principal divisão do futebol brasileiro, a Série A. Para chegar a Série A o Luverdense ainda tem que crescer muito – admite o treinador Júnior Rocha.        

Olho no Esporte – Em um país onde o futebol vive exclusivamente de resultados, qual é o “segredo” para um técnico se manter durante tanto tempo no cargo, como é o seu caso, no Luverdense?

Júnior Rocha -- Um dos segredos é ter uma diretoria presente no dia a dia do clube, pois assim os dirigentes irão conhecer detalhadamente a metodologia de trabalho adotada pelo treinador e consequentemente sua postura diante do grupo de atletas. Acho isso fundamental, porque a pior coisa que existe no nosso futebol é ter uma diretoria que aparece somente nos dias dos jogos e depois da partida querer dar palpites sem ter o conhecimento profundo do dia a dia, onde os atletas mostram seu comprometimento, sua dedicação, sua personalidade, sua postura e seu profissionalismo.

Olho no Esporte – Como é seu relacionamento com os torcedores do Luverdense em uma cidade pequena, como Lucas do Rio Verde, onde as pessoas estão sempre se encontrando em todos os lugares?

Júnior Rocha  -- Bom, meu relacionamento é ótimo, gosto de encontrá-los na rua e até mesmo trocar ideias, dar boas risadas. Sinto-me um luverdense. Em todos os momentos em que o clube teve sucesso consegui participar com o maior orgulho: primeiro título estadual como atleta em 2009 e artilheiro do campeonato e a vitória histórica sobre o Corinthians como treinador na Copa do Brasil de 2013, quando chegamos às oitavas de final inédita, acesso a Série B em 2013 como treinador e permanência no Campeonato Brasileiro da Série B, onde em 2015 estamos entre os 40 melhores times do Brasil.

Olho no Esporte  – Sua primeira experiência como treinador foi no interior do Rio Grande do Sul e que, aliás, está repetindo também em Mato Grosso. Qual a diferença de trabalhar no futebol dos dois estados?

Júnior Rocha -- Boa pergunta. No Rio Grande do Sul trabalhei unicamente com a formação de atletas, já em um estágio mais adiantado, pois lá a base é muito forte, o investimento é maior. Lá conquistei meu primeiro título como treinador. Fomos campeões da Encosta da Serra, um campeonato onde os quatro clubes grandes do Rio Grande do Sul não participam. Já aqui em Mato Grosso, a base ainda está gatinhando, pouco se investe, o que é uma pena, temos muitos talentos soltos por aí. Mas aqui também consegui fazer um ótimo trabalho, pois depois de seis anos conseguimos colocar o Luverdense na Copa São Paulo em 2014, depois de ser vice-campeão estadual em 2013. Após trabalhar com a base, em 2013 mesmo tive uma oportunidade no time profissional  do Luverdense, conseguindo construir uma linda história que até hoje perdura.

Olho no Esporte – A sua pouca idade – 34 anos – não é um empecilho para o desempenho de sua atividade profissional com jogadores com idades equivalentes a sua ou até mais velhos? Ou o senhor não se deparou ainda com uma situação dessas?

Júnior Rocha  -- Ótima pergunta. Isso tem sido uma coisa fantástica na minha vida: trabalhar com atletas com idade igual ou superior a minha. O respeito de ambas as partes me fascina! Falo isso porque vejo que estou mais preparado do que imaginava. Sou muito, mas muito estudioso e até hoje não me deparei com nenhuma situação em que não consegui resolver ou acrescentar detalhes na função do atleta dentro de campo. Estamos em um aprendizado constante  juntos! Aprendemos todos os dias, juntos! O que tem me ajudado muito é a experiência que adquiri dentro de campo quando jogador, por mais de dez anos. Aprendi tudo que não se deve fazer com atletas profissionais de futebol  e com isso procuro não errar em nada! Quero eles sempre do meu lado!

Olho no Esporte – O fato de o Luverdense já ter perdido pontos importantes jogando em casa, como na derrota para o Macaé e o empate contra o Santa Cruz não põe em risco o projeto do clube de subir para a Série A este ano?

Júnior Rocha -- Não vamos ganhar todas dentro de casa! Isso nenhuma equipe no mundo conseguiu até hoje! Olha, vou ser bem sincero: é um sonho subir pra Série A do Campeonato Brasileiro, isso seria para Mato Grosso uma história que jamais se apagaria no futebol do Estado e nacionalmente, mas nossa luta é para permanecer na Série B de 2016. Falo isso com muita clareza, pois ainda temos que melhorar muito em termos de estrutura. O Luverdense é um clube pequeno no meio dos grandes. Com toda humildade do mundo temos que reconhecer isso!...

Olho no Esporte  – A diretoria do clube e a direção técnica consideram normal resultados como o empate do Luverdense contra o Santa Cruz, apesar da circunstância de o time adversário ter ficado com dez jogadores em campo?

Júnior Rocha -- Com certeza que sim! O futebol é apaixonante por isso. Se tivesse lógica não precisaríamos jogar o restante do jogo, depois da expulsão de um ou mais atletas de um time. Estávamos muito bem no jogo e com 15 minutos do segundo tempo a nossa torcida gritando “olé” a nosso favor. No final do jogo levamos o empate doloroso. Entendo que foi mérito do nosso adversário.

Olho no Esporte -- A parada de três semanas que o futebol brasileiro teve em virtude da Copa América foi suficiente para o Luverdense se ajustar tecnicamente para o restante do Brasileirão da Série B, com os resultados começando a aparecer?

Júnior Rocha -- Tecnicamente nunca duvidamos do nosso grupo de atletas. Esse tempo foi ótimo, valioso e fundamental para nos ajustarmos taticamente! Sou perfeccionista nessa parte e entendo que você tendo uma equipe tecnicamente fraca, mas organizada, faz frente a qualquer equipe no mundo. É nisso que acredito e é por esse caminho que irei seguir sempre no futebol: organização dentro de campo.

Olho no Esporte  – O Luverdense tem na diretoria um profissional cuja função é contratar os jogadores que o time precisa. O senhor não acha que esse trabalho teria que ser da competência do treinador ou esse atropelamento do calendário do futebol profissional no Brasil não permite que ele concilie as duas funções?

Júnior Rocha -- Esse trabalho também tem que ser feito em equipe. É muito injusto você responsabilizar somente um profissional pelas contratações, ainda mais com toda essa pressão por resultados como aqui no Brasil. No Luverdense dividimos responsabilidades e o treinador participa de todas as contratações. Todas elas têm o aval da comissão técnica, diretoria e gerente de futebol. É feito um estudo minucioso do atleta que será contratado para que erremos o mínimo possível. Principalmente o extracampo é levado em conta! Hoje as informações com toda essa tecnologia tem nos ajudado muito a errar menos.

Olho no Esporte – Sua primeira experiência no futebol mato-grossense, aliás, no próprio Luverdense, foi em 2007. De lá para cá o futebol mato-grossense evoluiu, regrediu, estacionou?

Júnior Rocha -- Vem evoluindo devagar, mas vem. Mas para virar uma potência como o futebol paulista, carioca, mineiro, gaúcho, falta muito, mas muito...!

Olho no Esporte  – A diretoria do clube adota algum critério para gratificar seus jogadores – paga prêmios por vitórias, empates, conquistas de títulos?

Júnior Rocha -- Com certeza! Isso já existe a muitos e muitos anos no nosso futebol e no Luverdense também.

Olho no Esporte  – O Luverdense mantém uma escolinha com o objetivo de formar seus próprios jogadores?

Júnior Rocha  -- Existiu escolinha do Luverdense em 2013 e 2014 com uma parceria com a Prefeitura da cidade, e da qual eu era coordenador quando trabalhei na base. Hoje essa parceria não existe mais. O motivo porque deixou de existir não sei, mas é uma pena. No clube existem hoje só as divisões sub – 17 e sub – 19, que inclusive participam de competições estaduais e nacionais.

Olho no Esporte – Em sua visão, como um técnico muito jovem, o futebol mato-grossense tem futuro se os clubes não investirem na formação de seus próprios jogadores?

Júnior Rocha  -- Esse é um problema nacional e não somente no nosso estado. Tirando os grandes clubes, a base no Brasil está cada vez mais escassa,  largada mesmo. Fico muito chateado com essa situação, porém fazer futebol não é barato. Tendo pessoas não sérias e que não entendem nada de futebol por trás dessa situação fica mais difícil ainda. Essa é nossa realidade atual.

Olho no Esporte – Quais foram as conquistas mais importantes do Luverdense sob o seu comando ao longo desses anos?

Júnior Rocha -- Nós tivemos uma Copa do Brasil fantástica em 2013, chegando às oitavas de final e ganhando o primeiro jogo de 1x0 do Corinthians no Passo das Emas. Nesse mesmo ano conquistamos o acesso para Série B de 2014, eliminando o tradicional Caxias, do Rio Grande do Sul, vencendo os dois jogos. E no ano passado permanecemos na Série B do Campeonato Brasileiro, o que nos dá o privilégio de estarmos entre os quarenta melhores clubes do Brasil.

Olho no Esporte – A Arena Pantanal está cumprindo a sua função de revigorar o futebol profissional em Mato Grosso?

Júnior Rocha -- Está sim! Com um estádio tão moderno, qualquer jogo vira um evento bem atrativo. E mais ainda: com um gramado em perfeitas condições, como o da Arena Pantanal, o futebol ganha em qualidade. É um belo estádio e temos que aproveitá-lo da melhor forma possível.  Inclusive trazer para Cuiabá mais jogos do Brasileirão e também da Séries B e C.

 


Data: 2015-07-19 00:00:00