Felipe Massa, ex-piloto de Fórmula 1 e atual concorrente na Stock Car, deu início aos procedimentos legais visando à apresentação de uma ação de indenização contra a Fórmula 1 e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Massa alega ter sido vítima de uma suposta conspiração em 2008, ano em que terminou como vice-campeão mundial da principal categoria do automobilismo. A notícia foi divulgada pela agência de notícias Reuters e posteriormente confirmada pelo Estadão.

Essa movimentação ocorre após recentes declarações de Bernie Ecclestone, ex-dirigente da Fórmula 1, admitindo conhecimento sobre uma manipulação de resultados no Grande Prêmio de Cingapura daquele ano, sugerindo que Felipe Massa poderia ter conquistado o título mundial, superando o então campeão, Lewis Hamilton. No mês de abril, Massa já havia mencionado que estava considerando a possibilidade de recorrer aos tribunais.

Os advogados do ex-piloto da Ferrari enviaram uma carta de notificação legal a Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1 e ex-chefe de equipe de Massa na Ferrari, bem como a Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA. Esse passo é necessário para dar andamento a processos judiciais na Inglaterra, onde a ação foi formalmente apresentada.

Na carta, é argumentado que Massa é o "legítimo campeão de pilotos de 2008" e que tanto a Fórmula 1 quanto a FIA negligenciaram a "má conduta" que resultou na perda do título pelo piloto brasileiro. O documento também estima um prejuízo financeiro na casa das "dezenas de milhões de euros" e alega que Massa foi alvo de uma conspiração perpetrada por indivíduos de alto escalão das entidades. Agora, Domenicali e Sulayem têm um prazo de 14 dias para responder. Caso não respondam, o processo judicial poderá ser iniciado nos tribunais sem aviso prévio.

O caso em questão, conhecido como "Cingapuragate", ocorreu em setembro de 2008, durante a 15ª etapa daquela temporada da Fórmula 1. Na época, Massa estava disputando o título com Hamilton. Ele havia conquistado a pole position e liderava a corrida quando Nelsinho Piquet, companheiro de equipe de Alonso na Renault, sofreu um acidente que mudou o rumo da prova. Alonso acabou vencendo o GP.

Um ano depois, Nelson Piquet revelou publicamente que seu filho havia batido de propósito sob ordens de Flavio Briatore, chefe da equipe Renault na época, com o objetivo de beneficiar Alonso, seu companheiro de equipe. A FIA conduziu uma investigação e puniu os envolvidos. Briatore foi banido da Fórmula 1, embora essa decisão tenha sido posteriormente revogada, e o engenheiro Pat Symonds, que também estava envolvido na estratégia, recebeu uma suspensão de 5 anos. Atualmente, Symonds é o diretor técnico da Fórmula 1.

A polêmica ressurgiu no início de março, quando Ecclestone admitiu, em entrevista ao site F1-Insider, que ele e o então presidente da FIA, Max Mosley, sabiam da manipulação da corrida ainda em 2008, antes da denúncia de Nelson Piquet, que ocorreu no ano seguinte. Ecclestone declarou que eles tiveram informações suficientes para investigar o assunto na época, mas optaram por não tomar medidas para proteger o esporte e evitar um escândalo. Essa decisão teria influenciado no desfecho do campeonato, já que Hamilton foi declarado campeão naquela ocasião.

Caso a corrida tivesse sido anulada devido à manipulação da Renault, Massa poderia ter conquistado o título de campeão mundial, uma vez que Hamilton terminou em terceiro lugar e o brasileiro em 13º, após um problema nos boxes causado pela entrada do safety car devido ao acidente de Nelsinho Piquet.

As recentes revelações de Ecclestone geraram discussões sobre a injustiça alegada por Massa e o possível impacto nas classificações do campeonato de 2008. A disputa pelo título naquele ano foi decidida por uma diferença de apenas um ponto entre Hamilton e Massa.