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Cuiabá , MT - -

Após perder a visão, jovem de MT aposta no atletismo e conquista títulos

Karina Souza Herculano, de 18 anos, ficou com apenas 5% da visão depois de tumor no cérebro. Ela já conquistou dois títulos em campeonatos em Minas Gerais



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Aos 18 anos, Karina Souza Herculano, que mora em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, enxerga parcialmente por causa de um tumor que teve no cérebro, aos 14 anos. Para mostrar que a deficiência não é uma barreira, Karina pratica atletismo há três meses e já conquistou dois títulos. Foi campeã nos 100 metros rasos, e vice nos 200 metros, em um campeonato paraolímpico em Uberlândia, Minas Gerais.

- Foi um susto. A minha tia que me levou para fazer os exames, tinha acabado de falecer de câncer de mama quando descobri o tumor - contou Karina. 

Na época, sentia fortes dores de cabeça, tinha muitos vômitos, desmaios e de repente começou a perder a visão. Quando descobriu, o tumor já estava com três centímetros. No começo, a jovem imaginava que o problema da baixa visão era apenas por não usar óculos de grau. Hoje, ela enxerga apenas 5% do lado direito. No esquerdo teve perda total da visão.

Karina morava em Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá. Com a descoberta do tumor, foi encaminhada para Cuiabá, onde teve que passar por duas cirurgias, com risco de ficar paraplégica. A primeira para colocar a válvula hidrocefalia e a segunda, feita duas semanas após a primeira, para retirar o tumor.

- Acharam [médicos] que não conseguiriam retirar o tumor porque ele estava muito avançado e estava perto de um verme cerebelar, que é responsável pelos movimentos do corpo.

Depois de um mês internada, recebeu alta e continuou o acompanhamento de dois em dois meses em Cuiabá nos três primeiros anos após cirurgia. Agora, Karina faz os exames de 6 em 6 meses na capital de Mato Grosso. Com o tratamento, parou de estudar duas vezes, por causa das viagens e por não aceitar a situação que estava, quando chegou a entrar em depressão.

- Por usar óculos de 18 graus para poder ler, as pessoas zombavam de mim. Entrei em depressão por não me aceitar.

Depois que mudou de escola, disse que foi mais respeitada dentro da sala de aula, teve ânimo para continuar os estudos e concluiu o ensino médio no ano passado em Rondonópolis, onde mora há três anos e meio. Desacostumada com a baixa visão, Karina fala que enfrenta muito preconceito. 

- Vivia caindo por causa da visão, mas agora tenho que andar de bengala. Era bem complicado pra andar com ela, porque tinha muita vergonha.

Quem orienta a adolescente nos treinos é o professor Carlos Noroel de Oliveira. Ele disse que o título foi uma surpresa, mas que só foi possível porque a adolescente é uma atleta dedicada.

Além de treinar na parte da manhã, todos os dias na semana, a jovem é secretária em uma escola de Rondonópolis e noite ainda vai para academia. Mesmo com as dificuldades, Karina não reclama da vida.

- Não é porque você fica deficiente que sua vida acaba ali. Não é ficar reclamando das coisas, é olhar mais para oportunidades do que as dificuldades.

Por Nathália Lorentz, estagiária, sob a supervisão de Robson Boamorte

 


Data: 2015-06-11 00:00:00